Nos dias atuais, a discussão sobre os impactos do homem no meio ambiente vem aumentando. Pessoas já repesam hábitos de consumo e reportagens demonstrando crises climáticas são rotineiras nas mídias. Há uma responsabilidade coletiva da população mais nova quanto ao tema, uma vez que o ATIVISMO AMBIENTAL ENTRE JOVENS pode ser uma das medidas para reverter o problema. Por isso, discutiremos como as ações dos mais novos hoje podem impactar fortemente o amanhã.
Jovens ativistas do clima da Geração Z manifestam-se sobre como salvar o mundo
Com coragem e ambição, jovens nascidos na realidade do aquecimento global estão liderando o caminho para enfrentá-lo. Antes da crucial conferência Cop26, conversamos com alguns desses ativistas ao redor do mundo.
Por Olivia Laing
Quando eu tinha 20 anos, desisti da universidade para viver numa rota de protestos. Estava aterrorizada com a aproximação do apocalipse das mudanças climáticas e detestava a lógica de curto prazo, ambientalmente catastrófica, que priorizava a construção de estradas em vez de árvores. Os dados, mesmo em 1997, eram claros: a atividade humana estava aquecendo o globo terrestre, com efeitos crescentemente devastadores. O tempo era curto e exigia uma radical mudança de comportamento.
Desde então, quase um quarto de século se passou, e muito pouco foi alcançado, em grande parte em razão dos interesses corporativos investidos na manutenção de nossa dependência aos recursos não renováveis. Um número muito maior de pessoas compreende e aceita a realidade das mudanças climáticas antropogênicas, e ainda assim parecemos paralisados pelo desespero, capturados num feitiço de inércia, mesmo quando as previsões mais sinistras – inundações, incêndios, pragas – vêm acontecendo.
Digo nós, mas a geração nascida na realidade do aquecimento global está se recusando a aceitar esse status quo letal. Os testemunhos desses adolescentes e jovens de vinte e poucos anos são humilhantes e frequentemente emocionantes. Ao montar um banco para estudantes baseado na reciclagem de resíduos, José Adolfo Quisocala, sozinho, mudou a situação de pobreza infantil e poluição ambiental de sua cidade no Peru. Embora seus projetos variem enormemente, esses jovens ativistas têm um senso notavelmente compartilhado do que deve ser mudado, desde a educação e a colocação das vozes indígenas em primeiro plano até fazer as pessoas apreciarem o valor da natureza.
Como disse Hilda Flavia Nakabuye, uma ativista de Uganda: “Somos uma geração de pessoas assustadas. Mas somos muito persistentes. E muito unidos”. Esse é o tipo de visão e ambição necessárias aos delegados da COP26. As apostas não poderiam ser mais altas. Quem dera nossos líderes tivessem a coragem dessas crianças.
Marinel Ubaldo, 24, Filipinas
Foi em novembro de 2013 que a urgência da crise climática ficou clara para Marinel Ubaldo. Um tufão fora previsto nas Filipinas e estava para atingir a pacífica aldeia de Visayas Oriental, onde vivia com sua família. De início, ela não estava especialmente preocupada. “Convivemos com tufões por toda a nossa vida – não era novidade para nós”, lembra. Seu pai, um pescador, disse-lhe para ir a um abrigo próximo que ficava em um terreno mais alto. Foi a decisão certa: o Haiyan atingiu as Filipinas com ventos de até 195 mph, um dos tufões mais fortes do mundo em todos os tempos.
Prédios que Ubaldo pensava serem fortes foram destruídos em segundos. Mais de 7.360 pessoas morreram ou ficaram desaparecidas e pelo menos 4 milhões foram deslocadas. O desastre alterou dramaticamente a maneira como Ubaldo via o planeta. “Isso me deu uma nova perspectiva sobre o que o futuro poderia ser”, diz.
Dois anos mais tarde, Ubaldo ganhou uma bolsa para estudar serviço social em Tacloban, cidade devastada pelo tufão, trabalhando em paralelo aos estudos para ajudar a família que perdera tudo com ele. E cada vez mais ela dedica seu tempo a combater a crise climática.
Desde então, Ubaldo protestou na sede da Shell em Manila, em frente ao touro da Wall Street em Nova York, e ajudou a organizar a primeira greve de jovens ativistas do clima em Visayas Leste. Seu momento de maior orgulho, ela diz, foi prestar depoimento como testemunha da comunidade para a Comissão de Direitos Humanos das Filipinas na investigação sobre a responsabilidade empresarial pelas mudanças climáticas. Em 2019, a Comissão concluiu que 47 grandes empresas de petróleo, carvão, cimento e mineração poderiam ser responsabilizadas pelo impacto de suas operações sobre os cidadãos filipinos. A decisão histórica ilustrou “o poder do povo”, diz Ubaldo.
“Mesmo se você for pobre, ou apenas um, ou de uma comunidade remota, você tem poder. Você sempre pode denunciar empresas e líderes que estão alimentando as mudanças climáticas.”
Ubaldo, que agora trabalha em tempo integral com assuntos climáticos, foca no apoio a iniciativas de base. É cofundadora da Federação de Jovens Líderes para Ação Ambiental, jovem conselheira para justiça climática do Greenpeace Filipinas e também trabalha com o Living Laudato Si ‘Filipinas, movimento inter-religioso que advoga o desinvestimento em carvão.
Seu trabalho é de alto risco. De acordo com a Global Witness, 29 ativistas foram mortos no ano passado nas Filipinas. É comum que recebam ameaças ou sejam submetidos à “marca vermelha” – isto é, rotulados pelo estado como comunistas ou terroristas. No ano passado, quatro ativistas e um jornalista de Tacloban foram presos por posse de armas de fogo após uma operação ilegal. Depois das alegações de que as forças de segurança haviam falsificado provas, a Anistia Internacional pediu uma investigação. No momento da operação, Ubaldo recebeu uma mensagem sugerindo que também ela seria presa e, por precaução, se mudou para a casa de um amigo.
“A questão”, diz ela, “é que eles não vêm só atrás de você, mas de sua família, de seus amigos… Isso me preocupa mais do que minha própria segurança.” Mas as ameaças, diz, são pelo menos um sinal de que os poderosos estão ouvindo sua voz. “Isso é muito pessoal para mim. Se não continuar lutando, sentirei que estou traindo as pessoas que morreram por causa dos desastres climáticos. Porque elas não são apenas números, não são apenas estatísticas climáticas.”
(Disponível em: https://ciencianarua.net/jovens-ativistas-ambientais-e-seus-trabalhos-ao-redor-do-mundo/ Acesso em 18 de outubro de 2022)
Texto II:
Cresce preocupação com meio ambiente entre jovens brasileiros
Estudo da revista "Science" também mostra que populações indígenas da Amazônia contribuem para a difusão do conhecimento sobre o tema
Entre os jovens brasileiros, a preocupação com o meio ambiente está em alta. É o que mostra um artigo publicado na revista "Science", fruto de um projeto apoiado pela FAPESP. O estudo também revelou que jovens que vivem na região Norte, onde está a Floresta Amazônica, são os que têm maior interesse em aprender sobre biodiversidade, enquanto os da região Sudeste apresentaram menor disposição a ampliar os conhecimentos sobre o tema.
O artigo sintetiza os resultados de teses de doutorado e projetos de pesquisa desenvolvidos nos últimos 15 anos, incluindo o Projeto The Relevance of Science Education (ROSE), que envolveu mais de 40 países desde 2004. No Brasil, a coleta de dados foi realizada entre 2007 e 2014, com foco em alunos entre 14 e 16 anos, de escolas públicas e privadas. Em 2007, 625 alunos participaram da pesquisa, enquanto em 2010 foram 2365, e em 2014 foram 2368.
O projeto envolve cinco instituições paulistas: Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade Federal do ABC (UFABC), Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS) e Instituto Butantan.
A análise também mostrou uma tendência entre os jovens brasileiros em discordar que só os especialistas devem buscar soluções para as questões ambientais. Além disso, eles têm uma visão otimista sobre o futuro e acreditam que ainda há tempo para solucionar esses problemas.
— Essas posições nos surpreenderam. Mostram o que os jovens conhecem a complexidade da ciência e sabem que as decisões não podem ser tomadas apenas por especialistas, sem negar sua importância — explica Nélio Bizzo, professor da Faculdade de Educação da USP, do Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas da Unifesp e coordenador do estudo.
O levantamento também revelou que os estudantes brasileiros discordam que a proteção do meio ambiente seja uma responsabilidade apenas de países ricos, o que revela uma desconexão entre os interesses desses jovens e as políticas ambientais do país.
(Disponível em: https://oglobo.globo.com/brasil/cresce-preocupacao-com-meio-ambiente-entre-jovens-brasileiros-24651920?versao=amp Acesso em 18 de outubro de 2022)
Texto III:

No fragmento do texto I:
“’Mesmo se você for pobre, ou apenas um, ou de uma comunidade remota, você tem poder. Você sempre pode denunciar empresas e líderes que estão alimentando as mudanças climáticas.’”
A ideia defendida pela ativista se fundamenta no fato de: