Texto para a questão
Por que você deve desconfiar de tudo (ou quase tudo) que ouve e lê sobre o aquecimento global Só se fala nas tais mudanças climáticas. Todos, de cientistas a ascensoristas, se convenceram de que, se o homem não parar de castigar o planeta, o apocalipse virá em forma de inundações, furacões e outras pragas. Será que esse consenso é tão absoluto assim?
Ninguém escapa dele, esteja em São Paulo, na Amazônia, na China ou na Antártida. O aquecimento global – estamos falando do assunto, não do fenômeno climático – saiu há mais ou menos duas décadas dos fechados círculos acadêmicos para ganhar a atenção de ativistas, da imprensa e de pessoas de qualquer grau de instrução. Parte da culpa é do ex-vice-presidente americano Al Gore, que aborda a questão de maneira clara e direta em seu documentário Uma Verdade Inconveniente. Mas a faísca que incendiou de vez os debates de boteco sobre aquecimento global foi a estrondosa divulgação do quarto relatório (AR4) do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), órgão das Nações Unidas que reuniu cientistas e políticos de 116 nações para analisar o tema. Ele criou, com base em 5 anos de pesquisa, o que é quase impossível na ciência: um consenso. Pelo menos aos olhos do público.
Com que virtualmente todo mundo concorda: o mundo está realmente ficando mais quente. Desde 1850, quando começaram a medir de maneira mais confiável a temperatura, não víamos os termômetros marcar números tão altos. Ondas de calor, furacões mais intensos e derretimento das geleiras nos polos são alguns resultados desse aquecimento já percebidos – que devem se agravar, pelas projeções dos cientistas do IPCC apresentadas em abril na segunda parte do AR4. (O relatório é divulgado em 3 etapas: uma trata das causas científicas do fenômeno, outra faz projeções e a terceira aborda medidas para mitigar, ou suavizar, a curva de aquecimento.)
Se o aquecimento é uma certeza, sobram dúvidas e opiniões conflitantes em quase tudo o que diz respeito a ele. O que exatamente está fazendo o planeta aquecer tanto? Qual é o impacto real das ações humanas? O que acontecerá no futuro? Que atitudes precisamos tomar agora?
Se os céticos em relação às causas do aquecimento global são minoria, não faltam cientistas com um pé atrás em relação às previsões sobre os impactos das mudanças climáticas.
Este ano, acompanhando os relatórios do IPCC, chegou ao público uma quantidade enorme de informações alarmistas – e muitas vezes conflitantes. Jornais e revistas trouxeram montagens com grandes cidades debaixo d’água, número de pessoas afetadas pela seca e fome, espécies de animais em extinção e todo tipo de cenário apocalíptico.
Parte do pessimismo tem razão de ser: o CO2 lançado na atmosfera nos últimos séculos ficará lá por mais de 100 anos; O CFC, poluente relacionado a sprays e geladeiras, demora mais de 1 milhão de anos para se dissipar. Então, mesmo que parássemos milagrosamente de poluir agora, enfrentaríamos as consequências neste século (considerando verdadeira, é claro, a hipótese de que esses gases são os principais vilões).
Discordâncias e incertezas na ciência são normais e saudáveis, afinal é isso que move as descobertas. Mas alguns defendem que, no caso do aquecimento global, há mais em jogo que simples pontos de vista diferentes. Muito se falou, não raro com razão, que a indústria do petróleo financiava os céticos. Em 1998, o Instituto Americano do Petróleo (API), poderosa organização que congrega as maiores empresas do ramo nos EUA, tentou arregimentar cientistas que pudessem ir a público e falar das falhas das teorias sobre as causas do aquecimento global. O jornal The New York Times descobriu a tramoia e os céticos começaram a ser vistos com desconfiança.
Por outro lado, seria injustiça dizer que todos os negacionistas sejam vendidos, como os tacha a maioria dos cientistas que defendem a hipótese antropogênica. “Aquecimento global virou uma religião. Falar algo contra a corrente dominante virou heresia”, afirma Nigel Calder, ex-editor da revista New Scientist, ele mesmo um “herege” assumido.
Fonte: https://super.abril.com.br/ciencia/por-que-voce-deve-desconfiar-de-tudo-ou-quase-tudo-que-ouve-e-le-sobre-o-aquecimento-global/
Analise o período a seguir e marque a alternativa correta.“Ele criou, com base em 5 anos de pesquisa, o que é quase impossível na ciência: um consenso. Pelo menos aos olhos do público”.