Texto IV (adaptado)
COMO BRASILEIRO VIROU PROGRAMADOR USANDO CELULARES QUEBRADOS
Cesar Pauxis desafiou lógica e pobreza para se tornar um menino-prodígio na área de informática. Com apenas 17 anos, ele foi recrutado pela maior empresa brasileira de pagamentos eletrônicos.
Por BBC
“Tinha um aparelho que esquentava tão rápido que eu precisava colocar no congelador. Em outros eu só conseguia usar parte da tela.” Cézar Pauxis assim descreve-nos uma rotina de “relacionamentos problemáticos” com os muitos telefones celulares usados que teve durante a adolescência — os únicos que cabiam no orçamento familiar.
Mas foi em meio a “gambiarras” e com uma dose cavalar de perseverança que o paraense desafiou lógica e pobreza: Pauxis se tornou um autodidata em programação e, aos 17 anos, viu-se disputado por empresas de tecnologia brasileiras depois que um tuíte seu viralizou em meio a profissionais da área no apagar das luzes de 2020.
[...] Desde 1o de março de 2021, Pauxis é um dos mais novos funcionários da empresa, na função de desenvolvedor. Trabalhando remotamente de Belém, ele mora sozinho em um apartamento, pois a família se mudou há alguns anos para a pequena cidade de Carutapera, no interior do Maranhão. [...]
Uma vaquinha virtual arrecadou em janeiro fundos de mais de R$ 80 mil que serão usados em obras para, literalmente, terminar a casa em que a família vive em Carutapera. “A gente não tinha condições financeiras para achar uma casa pronta, então precisou viver em uma inacabada”, conta Pauxis, que também pretende usar parte da verba para fazer um curso formal de programação.
[...]
Pauxis tinha curiosidade especial pelos bots no aplicativo Telegram. Começou, sempre com o auxílio de um celular usado, a buscar informações em comunidades de programadores. “A última vez que tive computador em casa foi aos 5, 6 anos de idade”, conta Cézar.
Outro obstáculo eram os problemas nos aparelhos. Falhas fizeram com que Cézar por várias vezes perdesse todo o trabalho feito e frequentemente o obrigavam a ficar sem trabalhar nos projetos por meses a fio. “Era muito desmotivador quando isso acontecia. Só que eu nunca pensei em desistir.”
Ainda assim, ele conseguiu criar dois bots para o Telegram que respondiam a pesquisas. Pauxis, porém, hesitava em pedir ajuda financeira aos contatos que fez online. Durante anos ele evitou, inclusive, tornar sua história pública. “Eu tinha e ainda tenho muito medo de as pessoas me interpretarem mal e acharem que eu estou tentando me vitimizar”, diz o adolescente, que completa: “Tenho criado projetos com programação todos esses anos sempre somente em celulares quebrados. Mas é o que eu amo fazer e sempre fiz de graça simplesmente para poder ajudar os usuários, por isso relutei em pedir doações ou cobrar pelo serviço.”
O mundo deu voltas para Cézar Pauxis desde então e, durante a conversa com a reportagem, ele já tinha um smartphone novo em folha em mãos.
Mas ele não quer esquecer os percalços passados. E quer que sua história sirva de incentivo para outras pessoas que se encontrem em situações semelhantes às quais ele viveu. “Eu gosto da ideia de inspirar e motivar outras pessoas a não desistir. Queria que elas vissem também que a gente não precisa de muita coisa para seguir um sonho, até porque muita gente tem celulares ou outros equipamentos que às vezes estão largados em alguma gaveta. Elas poderiam doar esses equipamentos, pois isso pode ajudar demais quem precisa,”
acrescenta.
O desafio agora para Pauxis é um outro tipo de programação: a cozinha. “Até agora eu só sei fazer arroz e macarrão”, brinca o adolescente.
DUARTE, Fernando. Como brasileiro virou programador usando celulares quebrados. BBC News Brasil, 2021. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil56337365# ~:text=Interesse20pelos20'bots,pelos%20bots%20no%20appp%20Telegram. Acesso em: 17 SET 22.
Após a leitura do texto, conclui-se que Cézar Pauxis é: