Questão
Simulado EPCAR
2022
Texto-ITurbante470aaa74b58
Texto I

Turbante, dreadlocks, cocar, desenhos tradicionais. Símbolos culturais e estéticos que, se por um lado ajudam a compor o imaginário de nação miscigenada, também carregam seu valor simbólico de resistência dentro da comunidade na qual estão inseridos. No palco dos sincretismos, diversos atores e culturas se misturam, não sem provocar polêmica e discussões que muitas vezes não arranham mais que a superfície da questão.

Enquadra-se aí o debate sobre “apropriação cultural”, tema que vem dividindo opiniões desde que sites e jornais repercutiram o caso de uma garota branca que teria sido repreendida por duas mulheres negras porque usava um turbante.

A educadora e pesquisadora de dinâmicas raciais Suzane Jardim afirma que, toda vez que emerge, essa discussão é erroneamente deslocada para o âmbito do “purismo cultural”, na qual apenas os responsáveis pela criação de um determinado elemento teriam autorização de utilizá-lo.

Longe disso, o que está em jogo segunda ela é a forma como se dá a interação entre grupos historicamente marginalizados e seus antagonistas –relação que seria marcada por “preconceito, exclusão, etnocentrismo, poder e capitalismo”.

“Vemos a diferença sistêmica entre os que usam esses elementos como adorno e os que usam por princípio, religião ou resgate de uma identidade”, diz Jardim. “Quando falam em cultura, os negros se referem muito mais a resistência e racismo do que à origem dos elementos, propriamente”.

Pesquisadora e ex-Secretária Adjunta da Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres de São Paulo, Juliana Borges afirma que “dizer que apropriação cultural se resume a usar ou não turbante, comer ou não sushi” é, na melhor das hipóteses, uma grande desonestidade intelectual, além de escancarar a face racista “ainda tão presente na sociedade brasileira”.

A discussão, primordialmente, tem a ver com questões estruturais e estruturantes da sociedade brasileira, segundo Borges, e passa pelo esvaziamento histórico e cultural de etnias sequestradas do continente africano para serem escravizadas por aqui.

Nesse contexto, símbolos como o turbante podem ser encarados como elos entre um povo e sua ancestralidade, suas origens perdidas. A crítica seria menos ao uso individual em si e mais a uma estrutura social que escrutina tradições de um povo enquanto aplaude as mesmas quando praticadas por outros.

A questão da “proibição do uso”, segundo Suzane Jardim, não encontra vulto material algum fora da internet. “O que existe são manifestações de incômodo que podem se manifestar contra um indivíduo –pois sabemos que há uma diferença no tratamento –, e isso acaba por se voltar contra o próprio negro, fortalecendo a imagem estereotipada de que são raivosos, vitimistas ou injustos com a população branca repleta de boas intenções”, afirma.

(Disponível em <https://revistacult.uol.com.br/home/identidade-e-apropriacao-cultural/> Acesso em 22 mar. 2021)

No trecho “Mas é igualmente possível simplesmente construir novas barreiras, à medida que pessoas que pensam parecido se reúnem em grupos homogêneos, compartilhando os mesmos pontos de vista e fontes de informação”, os elementos em destaque apresentam a leitura, respectiva, de
A
concessão, proporção e adversidade.
B
adversidade, causa e adição.
C
adversidade, proporção e adição.
D
adição, causa e adição.