Questão
Simulado EEAR
2023
Texto-INa-ha-vagasO10356b21d93
 Texto I

Não há vagas

O preço do feijão
não cabe no poema.
O preço do arroz
não cabe no poema.

Não cabem
no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão

O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila
seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras

— porque o poema,
senhores,
está fechado:
“não há vagas”

Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço

O poema, senhores,
não fede
nem cheira

GULLAR, Ferreira. Toda poesia (1950-1980). 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 1983. P. 224. 


A partir da leitura atenta do poema, é possível inferir que há nele muitas críticas, exceto:
A
à falta de condições essenciais para as pessoas viverem bem, ou seja, carrega, implicitamente, críticas sociais ao governo.
B
aos preços elevados do feijão, do arroz e de outros itens essenciais para a sobrevivência. 
C
aos salários degradantes dos funcionários públicos.
D
aos jornais que não disponibilizam “vagas” para os anúncios.