Texto II:
“Meu Pé de Laranja Lima” é livro de criança feito para educar adulto
José Mauro de Vasconcelos, com uma simplicidade mágica, nos faz observar o mundo a partir dos olhos de um pequeno poeta — e o resultado é tão cru quanto a realidade
Esta é uma história de falta.
Falta de carinho, de atenção, de compreensão, de limites e de paciência. Ainda assim, também é uma história de excessos — de muitos: de agressividade, de injustiça, de crueldade, de desrespeito e de realidade.
Na história de O Meu Pé de Laranja Lima (1968), escrita por José Mauro de Vasconcelos, Zezé, o protagonista, é uma criança que precisou crescer cedo demais. Uma das caracterizações mais utilizadas para descrevê-lo é o estado “precoce” de sua mente. Ora, uma criança de (quase) seis anos que aprende a ler sem nunca receber uma instrução é como um passe de mágica. Mas nós, leitores, sabemos que se trata de uma genialidade de poeta — coisa que o próprio Zezé gostaria de ser (pelo menos no início do livro).
Essa também é uma história que pulsa morte, mas não só a física. É morte de pensamento, de imaginação. No desenrolar da obra, José (nome do protagonista) quer ser rico, e não mais poeta, para não viver em uma realidade que o consome de dentro para fora.
Esse sentimento é fruto de abuso — que está bem longe de ser uma das ideias mirabolantes, extremamente criativas e engraçadas do garoto. O Zezé, ao longo da história, é moldado pela realidade em que vive: vai se tornando mais agressivo quando necessário e mais quieto quando lhe convém, porém, acima de tudo, ele é quebrado por uma vida de pobreza, falta de amor e muita pancada. E isso, sem dúvida, é algo que permeia a vida de milhares de Zezés pelo Brasil.
(Disponível em: https://medium.com/betaredacao/cr%C3%ADtica-meu-p%C3%A9-de-laranja-lima-%C3%A9-livro-de-crian%C3%A7a-feito-para-educar-adulto-b1ac3a502947 Acesso em 18 de outubro de 2022)
Releia o trecho para responder às questões:
“E isso, sem dúvida, é algo que permeia a vida de milhares de Zezés pelo Brasil.”
Na última frase do texto, o autor traz um uso diferenciado do nome Zezé. Ao utilizar o nome Zezé no plural, a ideia apresentada no texto é de que: