Questão
Simulado CN
2023
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Texto I 

Desigualdade social

As últimas décadas de crescente integração de mercados globais têm sido justamente celebradas pelo inequívoco progresso tecnológico e material que beneficiou quase toda a humanidade. Alguns, no entanto, ficam para trás, e uns beneficiam-se mais que outros. 

Dito de outra maneira, cresce a desigualdade social. E as consequências de tal fenômeno, por muito tempo subestimadas, se fazem notar no cenário político de países ricos e emergentes. 

Um contingente inédito de pessoas deixou a pobreza extrema, tecnicamente definida pela tarefa de sobreviver com menos de US$ 1,90 (R$ 7) por dia. Segundo o Banco Mundial, superaram essa condição mais de um bilhão de indivíduos ao longo de anos de bonança iniciados em 1990. 

Para os 10% da população do planeta que permanecem na miséria, contudo, o horizonte é turvo. Desde a crise econômica de 2009, a ascensão desacelera. Mais veloz é a concentração de dinheiro nas mãos do 0,001% mais rico do planeta, cuja renda saltou 235% em 40 anos. 

Nota-se, em particular no Ocidente, que entre centenas de milhões que abandonaram o fosso da pirâmide e dezenas de milhares cuja fortuna se multiplicou, as classes médias perderam participação na renda global. 

O fenômeno não se deu de forma homogênea. Estudo de 2018 encabeçado pelo economista francês Thomas Piketty mostra, entretanto, que nenhuma região o evitou. 

Mesmo na China, regime socialista que nos anos 1970 introduziu o capitalismo de controle estatal, o coeficiente Gini, medida da desigualdade em um país, saltou 0,15 ponto desde 1990 e chegou a 0,50 (sendo 0 a igualdade plena e 1 o extremo da concentração). 

Na Europa, onde o Estado de bem-estar social está enraizado, a desigualdade é mais discreta do que em economias emergentes como as de Brasil, Índia e Oriente Médio — ou do que nos Estados Unidos, onde proteções sociais são tíbias. Ainda assim, ela se faz sentir. 

Tal compressão da classe média abasteceu um sentimento antiglobalização naqueles que assistiram a renda e emprego submergirem. 

Ele se faz ouvir nas ruas e nas urnas com a emergência de um discurso populista que promete soluções fáceis —e equivocadas. 

Líderes que se utilizam dessa retórica espúria emergem em países distintos com loas à xenofobia, ao protecionismo, ao nacionalismo, ao militarismo e, não raro, ao obscurantismo. Ameaçam, assim, conquistas civilizatórias, em vez de enfrentar de fato as falhas da globalização. 

Disponível em. Acesso em: 10 março. 2022. (texto adaptado)

Leia a seguir as três afirmações referentes ao texto “Desigualdade social”: 

I. O principal questionamento do texto gira em torno da globalização como fonte produtora de miséria.

II. O principal critério adotado é abordar as questões sobre a globalização nos países desenvolvidos.

III. A temática preponderante aborda as imperfeições presentes no processo de globalização.

Está(estão) correta(s): 
A
Apenas I. 
B
Apenas I e II. 
C
Apenas II e III. 
D
Apenas III.
E
I, II e III.