Texto


(Fonte: In: www.contioutra.com/. Acessado em 30/07/2021.)
Foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia — disse a raposa.
- Bom dia — respondeu educadamente o pequeno príncipe, que olhando a sua volta, nada viu.
- Eu estou aqui — disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? — disse o principezinho. —Tu és bem bonita...
- Sou uma raposa — disse a raposa.
- Vem brincar comigo — propôs ele - Estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo — disse a raposa. —Não me cativaram ainda.
- Ah! desculpe — disse o principezinho.
Mas, após refletir, acrescentou:
- O que significa “cativar”?
—Tu não és daqui — disse a raposa — Que procuras?
— Procuro os homens — disse o pequeno príncipe — Que quer dizer “cativar”?
— Os homens — disse a raposa - têm fuzis e caçam.É assustador! Criam galinhas também. É a única coisaque fazem de interessante. Tu procuras galinhas?
— Não — disse o pequeno príncipe. — Eu procuro amigos. Que quer dizer “cativar”?
— E algo quase sempre esquecido — disse a raposa — Significa “criar laços”...
— Criar laços?
- Exatamente — disse a raposa. — Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu também não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo. (...)
- À gente só conhece bem as coisas que cativou — disse a raposa — Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo já pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? — perguntou o pequeno príncipe.
- É preciso ser paciente — respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, a cada dia, te sentarás um pouco mais perto... (...)
(Fonte: SAINT-EXUPÉRY, Antoine. O pequeno príncipe. Tradução Dom Marcos Barbosa. São Paulo: Agir, 2004.)
- E preciso ser paciente — respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, a cada dia, te sentarás um pouco mais perto...
Em relação ao narrador e a finalidade do texto, é possível afirmar que: