Texto: “A Bomba Atômica” – (trecho)
Marcus Vinícius M. Moraes
“A bomba atômica é triste
Coisa mais triste não há
Quando cai, cai sem vontade
Vem caindo devagar
Tão devagar vem caindo
Que dá tempo a um passarinho
De pousar nela e voar...
Coitada da bomba atômica
Que não gosta de matar!
Coitada da bomba atômica
Que não gosta de matar
Mas que ao matar mata tudo
Animal ou vegetal
Que mata a vida da terra
E mata a vida do ar
Mas que também mata a guerra ...
Bomba atômica que aterra!
Bomba atômica da paz!
Pomba tonta, bomba atômica
Tristeza, consolação
Flor puríssima do urânio
Desabrochada no chão
Da cor pálida do hélium
E odor de rádium fatal
Loelia mineral carnívora
Radiosa rosa radical.
Nunca mais, ó bomba atômica
Nunca, em tempo algum, jamais
Seja preciso que mates
Onde houver morte demais:
Fique apenas tua imagem
Aterradora miragem
Sobre as grandes catedrais:
Guarda de uma nova era
Arcanjo insigne da paz!”
Vocabulário:
urânio, hélium, rádium – elementos químicos
loelia – minério
insigne – célebre, notável
A terceira estrofe apresenta uma elaboração poética que