Questão
Provão de Bolsas FN/EAM
2020
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Texto 1

Estudiosos da desigualdade racial afirmam que, para que a luta contra a discriminação da população negra produza resultados consistentes, há um passo decisivo que nós, brasileiros, ainda não demos: assumir que somos, sim, racistas — seja como indivíduos, seja como sociedade.

De acordo com o filósofo e jurista Silvio Almeida, presidente do Instituto Luiz Gama (ONG que atua pela igualdade racial) e professor da Universidade Mackenzie e da Fundação Getulio Vargas, quando se admite a existência do racismo, cria-se automaticamente a obrigação moral de agir contra ele:

— A negação é essencial para a continuidade do racismo. Ele só consegue funcionar e se reproduzir sem embaraço quando é negado, naturalizado, incorporado ao nosso cotidiano como algo normal. Não sendo o racismo reconhecido, é como se o problema não existisse e nenhuma mudança fosse necessária. A tomada de consciência, portanto, é um ponto de partida fundamental.

Como exemplo da negação, o advogado e sociólogo José Vicente, reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares e diretor da Sociedade Afro-Brasileira de Desenvolvimento Sociocultural (Afrobrás), cita um comportamento contraditório à primeira vista: a inflamada indignação demonstrada pelos brasileiros nas redes sociais e até em protestos de rua, seguindo uma onda antirracista mundial, em reação ao assassinato do segurança americano negro George Floyd, asfixiado por um policial branco em Minneapolis em maio.

A indignação parece contraditória porque os brasileiros quase diariamente veem na televisão e no jornal crimes praticados no seu próprio entorno tão racistas e cruéis quanto o ocorrido nos Estados Unidos, mas nem de longe reagem com a mesma comoção — se é que chegam a reagir.

— Os brasileiros entendem que é lá fora que existe ódio racial, não aqui. Acreditam que no Brasil vivemos numa democracia racial, miscigenados, felizes e sem conflito. Essa é a perversidade do nosso racismo. Ele foi construído de uma forma tão habilidosa que os brasileiros chegam ao ponto de não quererem ou não conseguirem enxergar a realidade gritante que está bem diante dos seus olhos.

(Fonte: Agência Senado.)

O trecho “Não sendo o racismo reconhecido, é como se o problema não existisse e nenhuma mudança fosse necessária. A tomada de consciência, portanto, é um ponto de partida fundamental” poderia ser reescrito em um único período, sem perda de significação, em:
A
Se o racismo não é reconhecido, parece que o problema não existe e nenhuma mudança se faz necessária, contudo a tomada de consciência é um ponto de partida essencial.
B
A falta de reconhecimento do racismo faz com que o problema não seja compreendido e nada é feito, é necessária, então, a tomada de consciência como ponto de partida.
C
Como o racismo não é reconhecido, o problema não existe e nenhuma mudança se faz necessária, pois a tomada de consciência é um ponto de partida essencial.
D
Caso o racismo não seja reconhecido, o problema deixa de existir e nenhuma mudança se faz necessária, porém a tomada de consciência é um ponto de partida essencial.
E
Pelo racismo não ser reconhecido, o problema não existe e nenhuma mudança se faz necessária, assim a tomada de consciência torna-se um ponto de partida essencial.