Texto 1
Com o isolamento social recomendado para conter a disseminação do novo coronavírus, muita gente se voltou para a cozinha. Com mais tempo em casa, pessoas passaram a cozinhar mais, a fazer pão, a testar novas receitas.
Outro aspecto da rotina das famílias na pandemia é a presença das crianças em casa em tempo integral. Com filhos, sobrinhos, netos e enteados longe da escola, os adultos se veem às voltas para atender aos desafios educacionais da atual circunstância e para minimizar os prejuízos no desenvolvimento infantil – sem falar, claro, na necessidade de criar estratégias para entretê-los dentro de casa.
É aí que os dois fenômenos da vida em quarentena podem se encontrar. Aproximar as crianças da culinária nesse período tem sido a indicação de chefs, professores de culinária e nutricionistas para mantê-los ocupados em uma atividade que une diversão e aprendizado.
Além disso, esse envolvimento pode deixar um legado positivo para a relação das crianças com a comida.
Em entrevista à revista Gama em junho, a socióloga e professora da Universidade Federal de Santa Catarina Julia Guivant afirmou que a atual tendência de retorno à cozinha favorece uma alimentação mais saudável, com presença maior de alimentos in natura – aqueles retirados da natureza, que não são processados. Segundo ela, isso pode criar novos hábitos nas crianças e influenciar o futuro da alimentação.
Autonomia e saúde
Há anos a chef e apresentadora Rita Lobo vem dizendo que todo mundo deveria saber cozinhar, que esta habilidade favorece a autonomia e possibilita escolhas mais saudáveis.
A cruzada de Lobo e de outros profissionais da culinária para reaproximar a população do preparo daquilo que se come tem a ver com um processo que, desde pelo menos o final do século 20, tem feito muitas pessoas trocarem a comida caseira por refeições prontas, no geral menos saudáveis.
Especialistas sabem que muito da formação dos hábitos alimentares ocorre na infância. Trata-se, portanto, de um momento privilegiado para desenvolver hábitos alimentares. A familiaridade e o interesse pelo preparo dos alimentos é uma ferramenta que pode auxiliar na consolidação de hábitos saudáveis.
“Quanto maior o envolvimento no preparo das refeições, mais fácil é educar sobre alimentação. Até porque a participação da criança nesse processo aumenta a chance de ela experimentar o resultado final. Posso observar na prática o efeito positivo que essa inclusão tem no entusiasmo das crianças por ingredientes que favorecem a saúde”, afirma Antonia Demas, antropóloga, nutricionista e professora da Escola de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, em uma reportagem da revista Saúde.
Mas as lições que a prática na cozinha pode ensinar às crianças vão além da própria alimentação: algumas delas são criatividade, paciência, trabalhar em grupo, lidar com expectativas e com a frustração e também conhecer a sensação de recompensa de realizar algo, ainda que exija esforço.
Disponível em: <https://www.nexojornal.com.br/>. Acesso em 17/08/2020.
Com relação às relações morfossintáticas do texto, assinale a alternativa correta.