Questão
Escola Preparatória de Cadetes do AR - EPCAR
2003
TEXTO-IOS-TIMIDOS-QUE781679ca27c
TEXTO I

OS TIMIDOS QUE APRENDEM A LIDAR COM OS PRÓPRIOS LIMITES DESCOBREM QUE TEM UMA PODEROSA ARMA SECRETA

Marcelo, de 19 anos, anos, nunca sabe onde colocar as mãos. Como não consegue encarar ninguém olhos nos olhos, está sempre de cabeça baixa, olhando para o chão. Falar em público, nem pensar: a voz desaparece, as mãos tremem, as pernas ficam bambas. Na sala de aula, permanece mudo e jamais expõem suas ideias. Pior mesmo é quando tem que pedir uma garota em namoro. Na hora H, começa gaguejar e não lembra de nada do que ficou ensaiando para dizer, Volta para casa sem graça, morrendo de vergonha e ... sem namorada. Com Patrícia, de 23 anos. acontecem coisas muito parecidas. Ela tem horror a lestas, principalmente se tiver música para dançar. Só vai em último caso. quando não dá mesmo para arrumar uma desculpa, e ainda assim levando uma amiga a tiracolo. Sozinha, jamais. Se alguém vem (alar com ela ou tirá-la para dançar fica vermelha, o coração dispara e deseja que o chão se abra para que possa desaparecer. Tudo isso atrapalha bastante a vida de Marcelo e Patrícia. A dificuldade reaparece de outras formas, seja na hora de batalhar um emprego, dirigir-se a um superior, fazer novos amigos, ou até para reclamar seus direitos de consumidor. Mas embora se sintam diferentes da maioria, eles não estão sozinhos neste mundo.

Marcelo e Patrícia fazem parte da imensa legião de pessoas que, em menor ou maior grau, sofrem do mesmo incômodo, por vezes dramático problema; a timidez. Mas o que uma boa parcela desse batalhão insensível ainda não sabe é que traz consigo uma arma secreta. Basta olhar para gente como Chico Buarque. Wood Allen, Ayrton Senna, Charles Chaplin, retraídos que deram super certo na vida. Há muito mais espaço para os tímidos do quo eles próprios imaginam. A questão é ocupá-lo à sua maneira, reconhecendo aos poucos suas diversas possibilidades. Isso sem cantar o fascínio que eles exercem geralmente sem dar conta disso — sobre os outros — homens ou mulheres que os consideram charmosos, irresistíveis e misteriosos.

(...) Sérgio é um tímido assumido —. arrisca um palpite: “Timidez é aquilo que faz os tímidos se sentirem diferentes dos outros; para eles o restante da humanidade é feito de campeões em tudo. Acreditam que o mundo é dos extrovertidos e que apenas estes têm direito á felicidade e às grandes realizações. E, por se sentirem excluídos, carregam sempre a sensação de estar perdendo coisas importantes — festas, amigos, viagens, empregos, promoções."

(...) Segundo a terapeuta Lídia Aratangy, o contato com o outro é sempre uma grande aventura no desconhecido. Reconhecer-se tímido, entretanto, não é o fim do mundo. Nem é necessário sair por ai em busca de “cura", já que não se trata de uma doença. A timidez, antes de tudo, é uma maneira de ser, que precisa ser respeitada primeiramente por quem sente na pele seus eleitos. Uma boa forma de amenizá-la é explorando os pontos fortes da personalidade. “Há sempre algum aspecto em que o tímido se sente mais seguro."

(...) Sérgio Coelho vai ainda mais longe; “Existe uma arte em ser tímido. não é algo que deve ser evitado a qualquer custo", garante. “Mesmo porque, nunca conheci um ex-timido. mas sim gente que aprendeu a viver com a ansiedade, tirando proveito dela para construir um mundo em que se sinta mais adequado. Se não for o jeito da maioria, tanto faz. O que importa é encontrar seu próprio caminho."

(Revista Galileu 1998)

TEXTO II

Quem se força a ser aquilo que não é corre o risco perigoso de virar um superchato

TIMIDEZ EM VERSOS

Os tímidos, em geral, superestimam as qualidades dos extrovertidos. Os versos irônicos do conhecido Poema em Unha Reta. escrito por Fernando Pessoa, retratam muito bem essa auto-imagem distorcida, calcada no sentimento de inferioridade e na auto-estima baixa

"Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu. tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
(...)Eu, que tantas vezes não lenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que lenho enrolado os pés publicamente nos tapeies das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho catado, lenho sido mais ridículo ainda:
Eu, que lenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que lenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que lenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu. que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não lenho par nisto tudo neste mundo.(...)"



Da tirinha abaixo, foram retiradas palavras cujos elementos mórficos foram analisados incorretamente, EXCETO em
A
Fazendo - Faz (radical); e (vogal temática), ndo (desinência verbal)
B
Vice-Presidente - Vice (radical); presid (radical), ent (sufixo)
C
Senadora - Senador (radical); a (vogal temática)
D
Quiser - Quiser (radical)