TEXTO II
Criação do “Espaço Favela” no Rock in Rio causa polêmica. Não sem motivos.
Réplica de comunidades cariocas dentro do festival tem boas intenções, mas é questionável
por Soraia Alves
O Rock in Rio anunciou no último dia 25/04, um novo espaço na edição do festival em 2019: o “Espaço Favela”. Projetado para ter uma cenografia grandiosa, lúdica e bem colorida, o ambiente promete retratar a pluralidade cultural das comunidades do Rio de Janeiro, com objetivo de amplificar o olhar do público sobre as favelas e “reforçar a esperança a partir da movimentação da economia criativa”. (...)
Quando falamos de um evento como o Rock in Rio, por mais que os números sejam de milhares de pessoas passando por ele todos os dias, ainda falamos de um evento elitizado, no qual os preços dos ingressos não fazem dele acessível para grande parte da população, principalmente para quem mora nas comunidades cariocas – em 2017, os ingressos começaram a ser vendidos por R$ 455,00 (inteira) e R$ 227,50 (meia).
Criar um espaço que representa a realidade de uma população como atração para que outras pessoas, cuja realidade social é bem diferente, possam apreciar e se divertir, torna a vida de muitos simples entretenimento para poucos.
Além disso, embora a intenção seja mostrar que a cultura típica de um ambiente pode ser vista com olhares mais amplos e estendida a todos, ao delimitar que essa cultura só entra no festival depois de criar um espaço especial para ela, a sensação de “permissão” é inevitável.
Para estar no Rock in Rio, um artista da comunidade “precisa” ser visto exatamente assim: como artista da favela, dentro de um espaço que recria seu ambiente de origem. A divisão ainda é clara.
(Disponível em: <https://www.b9.com.br/90169/criacao-do-espaco-favela-no-rock-in-rio-causa-polemica-nao-sem-motivos/> Acesso m 26 mai. 2020)
Segundo o texto, a criação do “Espaço Favela”