TEXTO I
Devemos fechar todos os zoológicos?
Sociedade debate o futuro desses espaços, ecoando a reivindicação dos defensores dos animais
Yoyo, Susi e Bully –três velhas elefantas compartilham um espaço cercado de 1.600 metros quadrados e balançam o corpo de vez em quando no que os especialistas denominam estereotipias, tiques provocados pela vida em cativeiro. A imagem poderia ser utilizada para criticar a vida dos animais de um zoológico. Se contarmos sua história, no entanto, também serviria para defender o lado oposto no complexo debate sobre o futuro de instalações que recebem 700 milhões de visitantes por ano, mas cujo sentido é cada vez mais questionado, pondo em discussão o bem-estar dos mais de 3,5 milhões de animais (segundo dados do sistema de contabilização Zims) que mantêm em todo mundo.
Grandes especialistas como o primatólogo e estudioso do comportamento animal Frans de Waal apontam que existem diferentes tipos de zoológicos, mas não têm dúvida sobre a utilidade daqueles considerados “bons”. “Os que não cumprem os padrões porque são pequenos, têm muita interação com o público, ou realizam pouco esforço pedagógico precisam ser fechados. Mas os bons zoológicos têm lugar em todas as cidades. Aproximam as crianças da natureza e educam a respeito dos animais exóticos muito melhor que qualquer vídeo. Conscientizam as pessoas do valor desses animais, e podem ajudar na sua conservação”, explica por e-mail.
Na visão dos defensores dos animais, contudo, isso não é suficiente. A ideia do fechamento total dos zoológicos praticamente desapareceu de sua agenda –o destino desses animais seria ainda mais incerto –, embora já tenha acontecido em cidades como Buenos Aires. Mas continuam divergindo de sua função na forma como estão constituídos hoje. O Zoo XXI é um projeto coordenado por Leo Anselmi, financiado por várias fundações, partidos políticos como o ERC e a associação Libera. Em plena tempestade em torno do possível fechamento do delfinário de Barcelona devido a suas escassas garantias de bem-estar para os cetáceos, o grupo está há meses elaborando um projeto para o zoológico do futuro e pretende convertê-lo em uma iniciativa civil a ser debatida na Prefeitura de Barcelona. “Somos a favor de planos de conservação in loco [no lugar de onde procedem as espécies], criar um modelo de reprodução nesses espaços com um hábitat para protegê-los. E como isso seria financiado? Nossa
proposta é utilizar as novas tecnologias para mostrar os planos de conservação que estamos fazendo, que seriam filmados com tecnologias envolventes, narrados por biólogos e exibidos nos zoológicos do futuro”, diz Anselmi sobre a substituição da experiência do contato com animais pelo relato virtual.
Adaptado de<https://brasil.elpais.com/brasil/2016/09/23/ciencia/1474651767_722249.html> Acesso em 20 jul. 2020)
Com relação aos valores das conjunções, assinale a alternativa correta quanto à análise.