TEXTO |
Empoleirado em um alto galho de árvore, o galo estava de sentinela, vigiando o campo para ver se não havia perigo para as galinhas e os pintinhos que ciscavam o solo.
A raposa, que passava por ali, logo os viu e imaginou o maravilhoso almoço que teria se comesse um deles. Quando viu o galo de vigia, a raposa logo inventou uma historinha para s enganá-lo.
— Galo, pode ficar sossegado. Não precisa cantar para avisar às galinhas e os pintinhos que estou chegando. Eu vim em paz.
O galo, desconfiado, perguntou:
— O que aconteceu? As raposas sempre foram nossas inimigas. Nossos amigos são os patos,
Os coelhos e os cachorros. Que é isso agora?
Mas a espertalhona continuou:
— Meu amigo, esse tempo já passou! Todos os bichos fizeram as pazes e estão convivendo em harmonia. Não somos mais inimigos. Para provar o que digo, desça daí para que eu possa lhe dar um grande abraço!
O que a raposa queria, na verdade, era impedir que o galo voasse para longe. Se ele descesse até onde ela estava, seria fácil dar-lhe um bote. Mas o galo não era bobo. Descorfiado das intenções da raposa, perguntou:
— Você tem certeza de que os bichos são todos amigos agora? Isso quer dizer que você não tem mais medo dos cães de caça?
— Claro que não! — confirmou a raposa.
Então o galo disse:
— Ainda bem! Porque daqui de cima estou avistando um bando que vem correndo para cá.
Mas, como você disse, não há perigo, não é mesmo?
— O quê?! — gritou a raposa, apavorada.
E — São os seus amigos! Não precisa fugir, raposa. Os cães estão vindo para lhe dar um grande abraço, como esse que você quer me dar.
Mas a raposa, tremendo de medo, fugiu em disparada, antes que ostáaé chegassem.
Moral da história: MUITAS VEZES, QUEM QUER ENGANAR ACABA SENDO ENGANADO.
Disponível em: <http://www.soueinstein.com.br/wp-content/uploads/F%WCI%A Tbulas-Fant%WC3%Asticas-1.pdf>. Acesso em: 16 set. 2022.
O galo e a raposa
TEXTO II
TADEU X MARIA ANGÉLICA
Por José Roberto Torero

À primeira vista, Tadeu e Maria Angélica formavam um casal normal. Gostavam de cinema, de música e de viagens. Mas, acima de tudo, amavam o futebol. Só que, infelizmente, torciam para times rivais.
No começo, isso não era um grande problema. Maria Angélica não se importava quando Tadeu comemorava as vitórias do time dele e Tadeu até dava parabéns para Maria Angélica quando o clube dela vencia. Mas talvez isso só acontecesse porque, na verdade, os dois times eram muito ruins, e as vitórias, muito raras.
Então, no campeonato deste ano, as coisas mudaram. Novos reforços foram apresentados, técnicos foram contratados, as equipes melhoraram e as torcidas começaram a ter esperanças.
As coisas mudaram tanto que os dois times chegaram à final do torneio. Tadeu comprou um uniforme azul e amarelo para ir ao estádio. Maria Angélica foi com uma enorme bandeira verde e branca.
Os dois se sentaram lado a lado durante a partida. Para evitar brigas, tentavam não vibrar demais quando seus times acertavam um lance, nem zombar do outro quando a equipe adversária 1s cometia algum erro.
O zero a zero vinha mantendo a paz do casal, porém, no último lance do jogo, quando o time de Tadeu marcou o gol da vitória, ele não se conteve e gritou: "Goo00000000I!"
E assim mesmo, com dez letras "o"
Mas ele não parou por aí. Começou a dançar em volta de Maria Erigélis enquanto cantava “É, ô, ê ô, o meu time é um terror, ê ô, ê Ô, o seu time é perdedor".
Maria Angélica ficou verde de ódio. Então disparou:
— Tadeu, você passou dos limites. Cartão vermelho!
— Como assim, Maria Angélica, você está me expulsando de campo?
— E do casamento. Você pisou na bola!
— Tá, eu exagerei, mas também não precisa entrar de sola.
— Agora é tarde. Você chutou nosso amor para escanteio!
— Calma, eu não quero tirar o time de campo. Vamos tentar um segundo tempo...
— Não, senhor. Você já estava na marca do pênalti. Pode ir para o chuveiro!
— Quem sabe uma prorrogação?
— Não. Fim de jogo.
Tadeu sentou na arquibancada, apoiou a cabeça nas mãos e disse:
— Tudo bem, Maria Angélica, se você quer que eu pendure as chuteiras, é assim que vai ser.
Mas isso me deixa muito triste porque a gente fazia uma tabelinha e tanto. Eu acho que você bate um bolão e sempre que eu chegava em casa corria para o abraço. Sabe, eu vestia a camisa do
Nosso casamento... Eu jogava por amor...
Aquela declaração deixou os olhos de Maria Angélica encharcados como um Maracanã sem drenagem. Então ela jogou longe sua bandeira e pulou sobre Tadeu como se ele tivesse marcado um gol decisivo.
Tadeu olhou fundo nos olhos de Maria Angélica e, com voz emocionada, cantou: "É, ô, ê, ô, nosso amor é um terror!"
— Tadeu, foi a coisa mais linda que alguém já me disse. Então os dois beijaram-se, fizeram as pazes e viveram felizes para sempre.
Ou, pelo menos, até a próxima final de campeonato.
Conto de José Roberto Torero, ilustrado por Fido Nesti Disponível em: <www.novaescola.org.br>. Acesso em: 16 set. 2022.