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2023
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Quando a comida sai do lixo
A culinária do lixo

Cerca de três mil pessoas do Distrito Federal alimentam-se do que é jogado fora nos contêineres dos supermercados e nas lixeiras das casas. Quem revira os restos sente vergonha da atividade e se diz cansado de pedir comidas.

“Faltam 15 minutos para as quatro da tarde e só agora será servido o almoço na casa da pernambucana Maria Zélia da Silva, 44 anos. Faz silêncio no local. O único barulho que se ouve é o choro de Luciano Alves, 7 anos. Caçula de seis irmãos, a criança chora porque não aguenta mais esperar pela refeição.

As panelas acabaram de sair do fogão e a comida está quente. Na mesa, há carne cozida, feijão e arroz. Salada de repolho, cenoura e couve-flor, além de frutas, como manga, mamão e banana. Como sobremesa será servido iogurte de morango. O cardápio seria saudável, se não fosse um porém: os ingredientes servidos na casa de Zélia não foram comprados na feira nem no supermercado. Saíram todos de três contêineres de lixo, do Guará e do Cruzeiro.

No Distrito Federal, pelo menos três mil pessoas comem alimentos do lixo. O levantamento é do engenheiro florestal Benício de Melo Filho. Ele defendeu uma tese de mestrado na Universidade de Brasília (UnB), no ano passado, sobre o valor econômico e social daquilo que se joga fora. Benício não direcionou seu trabalho para a questão dos alimentos, mas ressalta que as pessoas que vivem do lixo se alimentam na mesma fonte. ‘Os catadores levam todo tipo de comida para casa. Carne, queijo, refrigerante, frutas e legumes. Nada é desperdiçado’, descreve em seu trabalho.

Maria Zélia veio do município de Petrolândia (PE) para o DF no ano passado com toda a família. Buscava emprego. Não conseguiu vaga nem de diarista em casa de família e optou por sair pelas ruas remexendo lixo. ‘A gente cata papelão para vender. Mas não tem como sobreviver disso. Para meus filhos não passarem fome, comecei a pegar alimentos do lixo’, conta. De cabeça baixa, Zélia assume que sente vergonha de revirar o lixo em busca de comida. ‘Na minha terra, pobre não faz isso. Já pensou se meus parentes lá em Pernambuco ficam sabendo que eu vim pra Brasília comer lixo?’”

Fonte: Ulisses Campbell – CorreioWeb, Correiro Braziliense – 24 de fevereiro de 2002

A forma verbal destacada em “Para meus filhos não passarem fome, comecei a pegar alimentos do lixo” está no:
A
Futuro do subjuntivo.
B
Infinitivo pessoal.
C
Infinitivo impessoal.
D
Pretérito mais-que-perfeito.
E
Futuro do presente do indicativo.