Psicologia de um Vencido
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme - este operário das ruínas-
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos
Na frialdade inorgânica da terra!
Dadas as afirmações:
I. Coerente com a visão determinista das Ciências Naturais, o poeta, ao longo do poema, revela-se conformado e indiferente com o fatalismo da morte.
II. Evidencia-se no poema um dos elementos de renovação poética do autor: dessacralizaçào da palavra, desvinculando-a do seu compromisso com o belo.
III. Não obstante o poeta seja um cultor da arto pela arte, percebem-se no poema alguns procedimentos caracterizadores da transformação poética desencadeada pelo Modernismo.
De acordo com o texto, podemos dizer que: