(PROPSOTA DE REDAÇÃO)
Texto I
Alvoroço de festa no céu
Não é que na véspera do Carnaval houve no céu uma festa para os bichos da selva?
Os convites foram entregues por um beija-flor que delicadamente os deixava em cima de corolas de vitórias-régias. O bicho que ia passando via o seu nome no envelope e pulava de alegria: tinha sido contemplado com um programa para o fim de semana!
Mas notaram todos que só recebiam convites os bichos de asa. O que era uma injustiça. Pelo menos foi o que o sapo gordo pensou. Os animais de terra estavam conformados, esperando o dia em que houvesse a festa lá na selva mesmo. Mas, como eu disse, o sapo verde não. Todos riam dele e de suas reclamações coaxadas e inúteis.
Ele aproveitou o fim manso de tarde para gritar bem alto e ser bem ouvido.
— Eu também vou!
Os pássaros caçoaram e perguntaram:
Cadê tuas asas, bicho feio?
Foi então que pensou: devo consultar quem é igual a mim, porém mais velho. E realmente, no brejo que ficava entre samambaias e avencas, encontrou um sapo velho e cheio de sabedoria chamado Quá-quá-quá, Este se amedrontou com as intenções do sapo jovem:
— Olhe, é melhor para a sua saúde não sair do chão e ter água por perto.
Então o sapo jovem disse-lhe:
— O senhor é capaz de guardar um segredo? Pois bem, eu vou dançar lá em cima. Basta-me que o urubu feio leve o seu violão.
Qua-qua-qua disse-lhe que não o entendia.
O sapo foi falar com o urubu:
— Você vai levar seu violão, urubu?
O urubu, de violão debaixo da asa, nem se dignou a responder.
— Senhor urubu, quer me fazer um único favor? o de ver se estou naquela esquina?
O urubu, meio burro, replicou que, já que era um só favor, ele iria. E não carregou o violão. O sapo mais que depressa entrou no violão e ficou lá bem quieto, embora tivesse uma vontade louca de fumar. O urubu voltou para lhe dizer que não o havia encontrado na esquina — mas cadê o sapo? Sumira, pensou. E pensou: agora vou para o céu.
Para encurtar a história, o sapo, dentro do violão, chegou ao céu e mais do que depressa pulou para fora e começou a dançar todo feliz. Os pássaros se espantaram, perguntaram ao senhor sapo como havia chegado. Mas a alma
do negócio é o segredo e o sapo só respondeu malcriado: —
É que eu me arranjo sempre!
E entrou de novo sorrateiro no violão para ir embora. Mas o urubu percebeu a coisa e ficou raivoso: Espertinho, não é? Pois agora mesmo é que você vai voar, vou te soltar no ar. Então o sapo pediu todo manhoso:
— Está vendo aquela pedra e aquele lago? Pelo amor de Deus, deixe eu cair na pedra porque se eu cair no lago eu me afogo!
— Pois é no lago que eu vou te largar, para você morrer!
O sapo, bem feliz, caiu no lago, e salvou-se.
Moral da festa? Bem, não houve.
(Clarice Lispector, Como nasceram as estrelas: Doze lendas brasileiras. São Paulo: Rocco, 1999)
Texto II
Segredo
Andorinha no fio
Escutou um segredo
Foi à torre da Igreja.
Cochichou com o sino.
E o sino bem alto
delém-dem
delém-dem
delém-dem
delém-dem!
Toda a cidade
Ficou sabendo.
(Henriqueta Lisboa)
Texto III
...eu nem te conto!
-- Conta, vai, conta!
-- Está bem! Mas você promete não contar para mais ninguém?
-- Prometo. Juro que não conto! Se eu contar quero morrer sequinha na mesma hora...
-- Não precisa exagerar! O que vou contar não é nada assim tão sério. Não precisa jurar.
-- Está bem...
Depois de muitos anos, ainda me lembro em detalhes sobre o que eu e minha prima conversamos. Éramos muito pequenas e eu passava as férias em sua casa. Nunca brincamos tanto, quanto naqueles dias! Lembro-me do segredo que ela prometeu me contar.
- Olha, eu vou contar, mas é segredo! Não conte para ninguém. Se você contar eu vou ficar de mal.
- Eu não vou contar, já disse! O segredo não era nada sério, coisa mesmo de criança naquela idade.
E ela acabou contando...
(Fragmento de Conto ou não conto, de Abel Sidney)
AGORA, MÃOS À OBRA!
Para desenvolver o seu texto, você deve se basear no que já foi apresentado nessa narrativa. Use o mesmo tipo de narrador, que emite opinião sobre os fatos. Sua redação deve abordar o seguinte tema:
Nem tudo é o que parece
Imagine o meio e o fim da história e desenvolva seu texto de acordo com o tema. Não se esqueça de apresentar quem são as personagens envolvidas, qual era o segredo e qual foi o desfecho da história.
ATENÇÃO:
✓ Crie um novo título.
✓ Observe bem todos os detalhes das personagens e seja coerente com o início que já foi dado.
✓ Redija seu texto entre 24 a 28 linhas.
✓ Utilize a norma padrão da língua escrita.
✓ Sua história tem que ser original e não deve apresentar cópia dos textos apresentados acima .