PROPOSTA DE REDAÇÃO
Entenda a crise hídrica que ameaça o fornecimento de energia no Brasil
Com baixo volume de chuvas, reservatórios essenciais para geração de energia por hidrelétricas estão com os piores níveis em décadas.
Com a chegada do período de estiagem na maior parte do país, os reservatórios de água que concentram algumas das principais hidrelétricas sofrem esvaziamento, o que torna a produção energética mais difícil e cara. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a escassez de chuvas no país para a geração de energia é a pior em 91 anos.
Alguns dos principais reservatórios para a produção energética do país, localizados no Centro-Oeste e no Sudeste, estão no pior nível em 22 anos. São eles: Marimbondo e Água Vermelha, em São Paulo e Minas Gerais, na bacia do rio Grande; Nova Ponte (MG); Itumbiara e São Simão, no rio Parnaíba, entre Goiás e Minas Gerais.
Marcelo Seluchi, meteorologista do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), explica sobre esse recorde de escassez. Ele afirma que o nível de chuvas vem diminuindo ano após ano e que outro grande problema que contribui para o baixo nível nos reservatórios é a falta de chuva, especificamente nas bacias dos rios.
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“Diferentemente de outras secas, essa não foi tão severa como a de 2014, porém foi generalizada. Estamos nessa situação porque tivemos muitos anos consecutivos com chuvas abaixo da média e, nos últimos oito anos, este foi o ano com menor volume de chuvas. O sistema hídrico do país está em uma situação complicada”, ressaltou.
Já Andrea Ramos, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), afirma que houve, neste ano, fortes impactos do El Niño (fenômeno de aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial). “Tivemos esse fenômeno em 2016 e 2017, que criou um sistema de baixo volume de chuvas que ocorreu em praticamente todo o Brasil. E os últimos sete anos, conforme a Organização Meteorológica Mundial, estão sendo os mais quentes e menos chuvosos. Ou seja, há menos chuvas e aumento da temperatura”, detalha.
Disponível em <https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2021/06/4931467-entenda-a-crise-hidrica-que-ameaca-o-fornecimento-de-energia.html> Acesso em 21 junho 2021)
Texto II
Desmatamento na Amazônia
Sim, o desmatamento da Amazônia é uma das causas para chover menos na região central do Brasil, inclusive no estado de São Paulo. Uma das provas disso aconteceu em agosto de 2019, quando uma chuva preta caiu na capital paulista e o dia "virou noite".
Na época, o Climatempo disse que a fumaça proveniente de queimadas na região amazônica, dos estados do Acre e Rondônia e da Bolívia, chegou a São Paulo pela ação dos ventos, o que causou a chuva preta e a escuridão na capital.
Esses ventos que muitas vezes trazem chuva para São Paulo vêm da região equatorial do Oceano Atlântico e são chamados de ventos alísios.
Eles trazem a umidade do oceano no sentido leste a oeste e, chegando na Amazônia, essa umidade se precipita em forma de chuva. Essa chuva hidrata o solo e é absorvida pelas raízes mais profundas das grandes árvores, que são essenciais nesse processo.
As árvores drenam a umidade e por meio da transpiração, devolvem a umidade para o ar, de forma que o ciclo de umidade e chuva vai se repetindo levada pelos ventos, de acordo com Cortês, da USP.
“A soja ou a pastagem, por exemplo, não têm raízes profundas e não conseguem desempenhar o mesmo papel. Com a intensificação do desmatamento, a floresta corre o risco de entrar em um ciclo em que perde a capacidade de manutenção da umidade atmosférica e esse processo pode tornar-se irreversível”, explica.
Depois de passarem pela Amazônia e se “recarregarem” com a umidade da floresta, os ventos seguem o caminho em direção à Cordilheira dos Andes. Ao se encontrarem com a formação rochosa do local, “fazem a curva” em direção à região central do Brasil, chegando ao Sudeste e Sul.
Por onde passam, esses ventos, se forem úmidos, trazem chuva – daí o nome popular de rios voadores para o que os cientistas chamam de Ventos de Zona de Convergência do Atlântico Sul.
(Disponível em <https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/06/14/por-que-esta-chovendo-menos-e-sao-paulo-pode-viver-nova-crise-hidrica.ghtml> Acesso em 21 junho 2021)
Texto III
Escassez de chuvas nas regiões Sul e Sudeste do Brasil leva a alerta de emergência hídrica
A medida também foi seguida pelo aumento do uso das usinas termoelétricas, na tentativa de evitar a falta de abastecimento elétrico em certas regiões do País.
Devido à escassez hídrica nos reservatórios de usinas hidrelétricas, o governo federal publicou um alerta de emergência para o período de junho a setembro nos Estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná. A Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA) acatou ao pedido para declarar emergência hídrica na bacia do Paraná e essa medida permite a limitação dos volumes de captação das águas nos rios da bacia em caso de necessidade em decorrência da escassez de água em diversos reservatórios.
“Não faltaram alertas”, disse, em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, Pedro Luiz Côrtes, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do programa de pós-graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE). “Nós tivemos a sobreposição de dois sistemas meteorológicos, tivemos uma estiagem muito severa no Sul do Brasil, que foi provocada pelo La Ninã, que começou no segundo semestre do ano passado e se prolongou até o final do começo de maio deste ano”, afirmando também que essa situação fez com que houvesse uma redução significativa das chuvas no Estados do Sul, o que acabou atingindo São Paulo e a região metropolitana, que teve um verão muito seco.
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A problemática do abastecimento das hidrelétricas gera uma situação de possível falta de recursos elétricos para atender à demanda energética de certas áreas do País: “Se nós não estivéssemos enfrentando uma pandemia, já seria provável a falta de energia em algumas áreas, haveria dificuldade em atender à demanda, principalmente com essa projeção de crescimento do PIB em torno de 4%, nós temos aí uma tarifa que vai impactar comércio, indústrias, residências.
Ele completa, afirmando que temos um sistema que está muito carente de água, “então não se descarta, na minha visão, a possibilidade de racionamento para a região metropolitana de São Paulo, então a situação de abastecimento já é considerada crítica e nós podemos ter problemas de abastecimento em 2022”. Em relação à região central, Côrtes acredita que, durante o verão, possa haver uma recomposição das usinas hidrelétricas e que não há ponto de reverter dificuldades no período de estiagem de 2022, ou seja, “o cenário não é positivo”.
(Disponível em <https://jornal.usp.br/atualidades/escassez-de-chuvas-nas-regioes-sul-e-sudeste-do-brasil-leva-a-alerta-de-emergencia-hidrica/> Acesso em 21 junho 2021)
Com base nos textos de apoio, nos texto da prova e em seus conhecimentos gerais, construa um texto dissertativo-argumentativo, em terceira pessoa, de 25 (vinte e cinco) a 30 (trinta) linhas, sobre o tema:
“O perigo da escassez da água no Brasil”