Questão
Sprint AFA
2024
PROPOSTA-REDACA2548ec801809
Discursiva
(PROPOSTA DE REDAÇÃO)

Proposta 04

Texto 1

Tempo: Cada vez mais acelerado

Você tem a sensação de que o tempo está voando? Não é o único. Pesquisadores estão tentando entender como - e por que - tudo ficou tão rápido (boa parte da culpa pode ser daquele monte de badulaques hipervelozes de última geração)

O tempo está se acelerando. Um dia continua tendo 24 horas, 1 hora vale 60 minutos e, aleluia, cada minuto ainda tem 60 segundos – nem tudo está perdido. Mas há uma sensação generalizada de que não conseguimos fazer tudo que queremos. Falta tempo. Pagamos fortunas por engenhocas tecnológicas que deveriam facilitar nossa vida e continuamos com uma pressa insaciável. Você já deve ter sentido os efeitos desse fenômeno. Lembra quando a internet surgiu? Da maravilha que era saber que trocaríamos mensagens instantâneas e teríamos a biblioteca de Harvard ao alcance, bastando um clique no mouse. Agora pense na última vez que você recebeu um arquivo eletrônico pesado. E dos segundos que esperou para abri-lo, amaldiçoando a velocidade do computador, do provedor, da placa multimídia e do modem. Esses incompetentes que nos obrigam a esperar insuportáveis segundos para baixar…um livro inteiro!

AS CAUSAS

Essa histeria provavelmente começou na revolução industrial, com máquinas que trabalhavam mais rápido que os homens. Muitas atividades rotineiras foram agilizadas. Entre elas, uma vital: a capacidade de deslocamento. Dos tempos de Julio César, no século 1 a.C, aos de Napoleão, no século 19 d.C, nossa velocidade de movimentação foi quase sempre a mesma: a que o cavalo permitisse. A invenção dos motores, colocados em trens, mudou tudo. E o impacto provocou a organização sólida do tempo. Os fusos horários ganharam importância – antes, era indiferente a alguém que levava semanas para atravessar os Estados Unidos se, ao chegar a seu destino, houvesse um desnível de algumas horas em relação ao ponto de partida. Com os trens, a vida cotidiana passou a conviver não só com a hora certa, mas com o minuto exato em que a composição sai da estação e os segundos que podem descarrilar vagões num desvio fechado.

A tecnologia então disparou a oferecer velocidade a quem quiser consumi-la. “Todo o desenvolvimento tecnológico tende a deixar os processos mais rápidos”, diz Edward Tenner, especialista em história da tecnologia da Universidade Princeton, nos Estados Unidos. Uma volta ao shopping mostra como essa pressão ocorre: é praticamente impossível encontrar um produto (de telefones celulares a espremedores de laranja) que seja mais lento que sua versão anterior.

O boom seguinte é mais recente. Aconteceu no final do século 20 e transfigurou nossa capacidade de nos comunicar. “A tecnologia e a internet provocaram uma revolução na troca e na quantidade de informações”, diz o jornalista James Gleick, autor de Acelerado, livro que debate causas e efeitos da velocidade. “Uma coisa acelera a outra e nos vemos num círculo vicioso aparentemente inquebrável: a tecnologia gera demanda por velocidade, que empurra o desenvolvimento de novas tecnologias que precisam ser mais rápidas” diz. Assim, logo estamos desesperados para ter o chip que aumenta a memória RAM de 128 para 256 megabytes – mesmo sem saber o que fazer com os poucos segundos que lucramos com a mudança (talvez chegar em casa mais cedo para ficar entediado, com “saudades do trabalho”). Antigamente, qualquer pessoa que colocasse uma carta no correio sabia que ela iria demorar semanas para chegar ao destinatário. E, acredite, o mundo e os escritórios funcionavam. Hoje, os serviços de entrega devem ser imediatos. Com a invenção dos motoboys, Fedex, DHL e Sedex é cada vez menos justificável fazer alguém esperar além das 10 horas da manhã seguinte.

O resultado dessa avidez para “ganhar” tempo é que estamos cada vez mais com a sensação de perdê-lo. Pesquisadores afirmam que uma pessoa hoje sente que ele passa mais rápido do que para alguém que viveu há cem anos. E dão até uma estimativa de quanto: de 1,08 vez, para quem tem 24 anos, a 7,69 vezes, para quem tem 62 anos – a diferença seria causada pelo período de exposição à vida em alta velocidade. James Tien e James Burnes, professores de matemática aplicada do Instituto Politécnico Rensselaer, nos Estados Unidos, chegaram à essa conclusão analisando o crescimento das estatísticas de produtividade e emissão de patentes em 1897 e 1997 – os índices foram escolhidos por serem indicativos de desenvolvimento tecnológico e também por estarem entre os poucos com dados centenários confiáveis.

Há também uma explicação bioquímica para nossa percepção do ritmo em que horas e dias passam. À medida que envelhecemos, acredita-se, cai a produção cerebral de dopamina, um neurotransmissor responsável pela sensação de energia e disposição. Esse processo pode desacelerar nosso relógio biológico. Uma experiência apresentada pelo neurocientista americano Peter Mangan mostrou como isso ocorre. Ele dividiu voluntários em três grupos etários que deveriam lhe avisar quando 60 segundos houvessem passado. Os jovens levavam, em média, 54 segundos. Os mais velhos, 67 segundos. Ou seja, os idosos eram surpreendidos pela informação de que um minuto inteiro transcorrera antes que eles se dessem conta. Isso explicaria, por exemplo, por que avós reclamam que “o ano passou rápido e já é Natal novamente” enquanto as crianças sofrem com a longa e demorada espera pela chegada dos presentes.

OS EFEITOS

Pressa. Ansiedade. E a sensação de que nunca é possível fazer tudo – além da certeza de que sua vida está passando rápido demais. Essas são as principais consequências de vivermos num mundo em que para tudo vale a regra do “quanto mais rápido, melhor”. Psiquiatras já discutem a existência de um distúrbio conhecido como “doença da pressa”, cujos sintomas seriam a alta ansiedade, dificuldade para relaxar e, em casos mais graves, problemas de saúde e de relacionamento. “Para nós, ocidentais, o tempo é linear e nunca volta. Por isso queremos ter a sensação de que estamos tirando o máximo dele. E a única solução que encontramos é acelerá-lo”, afirma Carl Honoré. “É um equívoco. A resposta desse dilema é qualidade, não quantidade.”

Para especialistas como James Gleick, Carl está lutando uma batalha invencível. “A aceleração é uma escolha que fizemos. Somos como crianças descendo uma ladeira de skate. Gostamos da brincadeira, queremos mais velocidade”, diz. O problema é que nem tudo ao nosso redor consegue atender à demanda. Os carros podem estar mais rápidos, mas as viagens demoram cada vez mais por culpa dos congestionamentos. Semáforos vermelhos continuam testando nossa paciência, obrigando-nos a frear a cada quarteirão. Mais sorte têm os pedestres, que podem apertar o botão que aciona o sinal verde – uma ótima opção para despejar a ansiedade, mas com efeito muitas vezes nulo. Em Nova York, esses sistemas estão desligados desde a década de 1980. Mesmo assim, milhares de pessoas o utilizam diariamente na esperança de reduzir seu minuto de espera.

É um exemplo do que especialistas chamam de “botões de aceleração”. Na teoria, deixam as coisas mais rápidas. Na prática, servem para ser apertados e só. Confesse: que raios fazemos com os dois segundos, no máximo, que economizamos ao acionar aquelas teclas que fecham a porta do elevador? E quem disse que apertá-la, duas, quatro, dez vezes vai melhorar a eficiência? “É um placebo, sem outra função que distrair os passageiros para quem dez segundos parecem uma eternidade”, escreve Gleick. Elevadores, aliás, são ícones da pressa em tempos velozes. Os primeiros modelos se moviam a vinte centímetros por segundo. Hoje, o mais veloz sobe doze metros por segundo. E, mesmo acelerando, estão entre os maiores focos de impaciência. Engenheiros são obrigados a desenvolver sistemas para conter nossa irritação, como luzes ou alarmes que antecipam a chegada do elevador e cuja única função é aplacar a ansiedade da espera.

Até onde isso vai? Um dos fatores que podem frear a corrida pela velocidade é o poder de consumo. “Hoje trocamos de computador a cada dois anos. Logo vai ser a cada seis meses. E depois? Não acredito que vamos comprar um computador novo por dia”, diz James Tien, do Instituto Rensselaer. A dúvida é saber se o que vai mudar é a velocidade com que novos produtos são colocados à venda ou o sistema de consumo, que se reinventará mais rápido ainda.

Neste caso, talvez a única solução será aderir à “batalha invencível” do movimento pela lerdeza. Entre as atividades propostas pelo movimento estão a organização de banquetes que demoram horas (um contraponto aos fast-foods) e propostas de mudanças profundas nas atitudes do dia-a-dia – para eles, chamar alguém de tartaruga é elogio. Essas pessoas também rejeitam os filmes de Hollywood cheios de ação e cortes rápidos e adoram livros grossos. Se bem que, como leitor da Super, talvez você já seja fã de textos longos, que nada têm de apressadinhos. Quer dizer, se é que você ainda está aí.

(Adaptado de: <https://super.abril.com.br/comportamento/tempo-cada-vez-mais-acelerado/> Acesso em 26 mar. 2023)

Texto 2

Síndrome do Pensamento Acelerado: entenda o que é

Em um mundo cada vez mais competitivo e cheio de pressões por melhores resultados, diversas síndromes e problemas de ordem psicológica invadem as empresas e a vida dos colaboradores. Entre eles, está a Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA).

Mas você sabe do que se trata? Entende quais são os sintomas e impactos na vida pessoal e profissional de quem sofre desse problema, as causas e como se prevenir? Chegou a hora de descobrir!

O que é a Síndrome do Pensamento Acelerado, afinal?

A quantidade de estímulos à qual você está exposto na atualidade é muito superior à de alguns anos atrás. Com um toque no celular, é possível acessar matérias de jornais de diversos países, entrar em contato com praticamente todos os seus amigos ou familiares e, ainda, responder a e-mails de trabalho.

Porém, o cérebro humano não está adaptado a essa quantidade de estímulos de uma só vez, o que faz com que o seu ritmo de funcionamento seja alterado. É aí que surge a Síndrome do Pensamento Acelerado.

A principal característica dessa síndrome é o intenso fluxo de pensamento, em alta velocidade, ao qual a pessoa está submetida diariamente. Isso faz surgir uma série de sintomas (tanto físicos quanto psicológicos) que podem servir como indícios de que o indivíduo sofre com a SPA.

Os principais sinais de ordem psicológica são:

⦁ ansiedade, dificuldade de concentração;

⦁ lapsos de memória;

⦁ inquietação;

⦁ impulsividade;

⦁ mudança repentina de humor.

Já fisicamente, a pessoa com SPA se sente cansada na maior parte do tempo e pode sofrer com dores musculares ou de cabeça, desenvolvendo até mesmo gastrite. Vale lembrar que pacientes com um trabalho intelectual intenso e grandes pressões no ambiente organizacional estão mais propensos a esse tipo de problema.

Isso porque eles precisam forçar para que o cérebro dê conta de mais coisas do que realmente é capaz de realizar. Como resultado, o órgão dispara uma série de neurotransmissores que ativa o funcionamento cerebral, aumentando o fluxo de pensamentos e despertando a SPA.

(Disponível em: <https://etalent.com.br/artigos/autoconhecimento-carreira-e-sucesso/sindrome-do-pensamento-acelerado/> Acesso em 26 mar. 2023)

Texto 3

A vida está corrida e acelerada. Quais as consequências para a escola?

Se o tempo acelerado já afeta o mercado de trabalho e a própria vida pessoal, com depressões, estresse e diversas doenças psicossociais, no ambiente da educação a pressa traz graves preocupações, afinal a construção do conhecimento exige, em diversos níveis, uma relação íntima com a calma e a paciência.

No ensino formal, os efeitos destas transformações ganham feições próprias. O descompasso entre o tempo da educação e do cotidiano acentua a situação de crise, que se desdobra, por exemplo, nos altos índices de evasão de sala de aula e no baixo desempenho nas provas nacionais e internacionais que medem os níveis de alfabetização e aprendizagem.

No livro Comunicação e educação: os desafios da aceleração social do tempo discutimos esta questão ao lado de outros pesquisadores ligados aos estudos de Educomunicação. Dentre os resultados obtidos, observamos que os jovens dedicam uma quantidade maior de horas a atividades como assistir televisão, ouvir rádio e acessar as redes sociais se comparado ao período que se preparam para provas, fazem o dever de casa ou os trabalhos escolares.

Enquanto 90% das quase duas centenas de alunos ouvidos disseram investir entre zero e uma hora aos estudos quando estão fora da sala de aula, 70% admitiram que navegam na internet quatro horas ou mais todos os dias.

Outro ponto de destaque foi o percentual de jovens que reconheceu fazer outras coisas simultaneamente às tarefas escolares. Cerca de 85% dos participantes afirmaram que mexem no celular e ouvem música enquanto estão debruçados sobre seus cadernos, livros e apostilas.

Mesmo o desenvolvimento da linguagem é afetado pela pressa: mensagens curtas e efêmeras, que logo desaparecem na timeline, despertam mais interesse que textos longos e mais aprofundados. Em outras palavras, jovens estudantes têm mais engajamento com memes, emojis e as dinâmicas das redes sociais do que com “textões” — ou seja, construções discursivas que superam os 140 caracteres.

O ensino formal pressupõe um tempo desacelerado, dedicação exclusiva e de longo prazo, com calendários anuais e um ciclo de formação inicial de quase uma década e meia. O tempo do cotidiano é fragmentado, curto, de pressão por resultados e atravessado por inúmeras experiências, não raro, simultâneas e que se renovam rapidamente.

O aumento exponencial do uso de aparelhos celulares e de smartphones entre os estudantes é um dos símbolos deste paradoxo. De acordo com o levantamento mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 70% dos jovens entre 10 e 19 anos e que moram nas cidades brasileiras de maior densidade populacional já contavam com um dispositivo de comunicação móvel para uso pessoal em 2015.

Familiarizado à realidade acelerada, das atividades sobrepostas, contínuas e não-lineares, os alunos sentem dificuldade de se adaptar à estrutura formal de educação, com seus modelos pouco flexíveis e estratégias pedagógicas tradicionais. Ficar desconectado, por vezes, parece castigar os estudantes com a sensação de que a “aula não acaba nunca”.

O distanciamento entre as linguagens da escola e do estudante colaboram para a acentuação de outros fatores inibidores do ensino, como a falta de concentração e o desinteresse. Alguns dos reflexos mais conhecidos deste cenário são a impaciência frente à leitura e o desejo cada vez maior por conteúdos mastigados.

O grupo de pesquisa Mediações Educomunicativas (MECOM), da ECA-USP, aplicou um amplo estudo no final de 2018, que buscava observar a relação de professores e alunos com os meios de comunicação — o seu papel no ambiente escolar — e com o tempo. Os dados, cujo levantamento envolveu mais de 3,5 mil pessoas de diferentes estados da Federação, estão em fase de tabulação e análise.

Os resultados preliminares, contudo, reforçam a ideia de que o desenvolvimento de um projeto de ensino consistente e adequado às particularidades do País passa pela compreensão do ecossistema educacional, incluindo as práticas juvenis, uma vez que nelas estão registrados alguns dos novos códigos — alguns binários, outros não necessariamente — utilizados para apreender, compreender e aprender o, a partir do, e sobre o mundo.

(Adaptado de: < https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/educacao-e-midia/a-vida-esta-corrida-e-acelerada-quais-as-consequencias-para-a-escola/ > Acesso em 26 mar. 2023)

Tendo em mente o contexto apresentado, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema “A aceleração da vida e seus efeitos na vida cotidiana”. 

Instruções:

Considere os textos desta prova como motivadores e fonte de dados. Não os copie, sob pena de ter a redação zerada.

A redação deverá conter no mínimo 100 (cem) palavras, considerando-se palavras todas aquelas pertencentes às classes gramaticais da Língua Portuguesa.

Recomenda-se que a redação seja escrita em letra cursiva legível. Caso seja utilizada letra de forma (caixa alta), as letras maiúsculas deverão receber o devido realce. 

Utilize caneta de tinta preta ou azul.  

Dê um título à redação.

Não assine a folha de redação.