(PROPOSTA DE REDAÇÃO)
Texto I
Ciência deve ser feita com responsabilidade, sem “inflar” resultados
Marketing enganoso arranha credibilidade e aumenta confusão ao definir se notícias são falsas ou verdadeiras
A apresentação de resultados científicos com exageros sobre sua importância e suas implicações, visando a obter exposição midiática, é comentada pelo físico Paulo Nussenzveig na coluna Ciência e Cientistas. “Vivemos numa era “hiperconectada”, em que boa parte da população obtém suas informações através de redes sociais, onde a proliferação de notícias falsas tem alcance inédito. Cientistas estão diante de desafios contraditórios”, aponta. “Por um lado, devemos aumentar a divulgação dos nossos trabalhos, estabelecendo maior contato com a sociedade que, afinal, financia boa parte das nossas pesquisas. Por outro, é preciso fazê-lo com responsabilidade, sem ‘inflar’ resultados, sem fazer marketing enganoso, que arranha nossa credibilidade e aumenta a confusão na hora de definir se notícias são falsas ou verdadeiras.”
“Não sei quem é o autor desse lema da divulgação científica, que sempre procuro seguir à risca: ‘É preciso dizer a verdade, nada além da verdade, mas não necessariamente toda a verdade'”, afirma o físico. “Afinal, pesquisas científicas contêm vários aspectos extremamente técnicos e sofisticados, incompreensíveis para pessoas sem a formação especializada requerida.”
“Hoje, quero ressaltar uma frase atribuída a Francesco Maria Grimaldi, um padre italiano que viveu no século 17 e demonstrou o fenômeno de difração da luz: ‘Não conhecemos a natureza da luz e o uso de belas palavras sem significado é uma impostura'”, afirma Nussenzveig. “O uso de belas palavras desperta a imaginação das pessoas e chama atenção para aquilo que se deseja comunicar. Mas, especialmente quando usadas por cientistas, as belas palavras precisam ter significado.”
Disponível em: <https://jornal.usp.br/atualidades/ciencia-deve-ser-feita-com-responsabilidade-sem-inflar-resultados/>
Texto II
Divulgação científica e responsabilidade
Por Fábio Reynol, de Campinas
Agência FAPESP – A informação científica não deve servir para ameaçar ou para agradar o cidadão, antes de tudo deve torná-lo responsável pela ciência que seu país produz. A afirmação, de Miguel Angel Quintanilla, diretor do Instituto de Estudos da Ciência e da Tecnologia (Ecyt, na sigla em espanhol) da Universidade de Salamanca, Espanha, foi feita no 1º Foro Iberoamericano de Divulgação e Comunicação Científica, realizado de 23 a 25 de novembro na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Quintanilla apresentou os dois principais modelos teóricos utilizados para estudar a divulgação científica, “Déficit Cognitivo” e “Contextual”, e por fim mostrou a sua proposta batizada de “Perspectiva Cívica” por se basear nos princípios de cidadania.
O modelo de Déficit Cognitivo pressupõe uma sociedade dividida entre especialistas e leigos. Os primeiros detêm o conhecimento científico e os demais necessitam dessa informação especial. Segundo Quintanilla, trata-se de um modelo pragmático que preconiza que a sociedade deve conhecer a ciência a fim de apoiá-la.
Para o pesquisador, o modelo de Déficit é o responsável por distorções na comunicação da ciência. “Perguntas como: ‘o acelerador de partículas LHC pode gerar um buraco negro e engolir o planeta?’ não tem a ver com ciência e são fruto da divulgação científica que tem sido feita”, disse.
Segundo ele, o uso de metáforas inadequadas por publicações jornalísticas são causas desses desvios. Como exemplo, citou a expressão “a partícula de Deus”, que um periódico espanhol utilizou ao se referir ao LHC.
Já o modelo Contextual, pelo qual a informação sobre ciência deve apresentar os contextos social, econômico e político no qual a atividade científica está inserida, também traz problemas, de acordo com o professor espanhol. Ao apontar possíveis redes de interesses por trás de cada pesquisa, o modelo estimula um ceticismo exacerbado e propicia visões conspiratórias da ciência.
Como exemplo, citou o tema “alimentos transgênicos”, que suscitaria reações contrárias de pessoas que associam qualquer discurso favorável a técnicas de manipulação genética aos interesses de grandes corporações internacionais.
A proposta de Quintanilla é o modelo de Perspectiva Cívica, o qual tem por finalidade fortalecer a prática da cidadania ao suscitar no indivíduo a responsabilidade pela ciência que é produzida em seu país. Para tanto, é necessário que se conheçam as características intrínsecas da atividade científica e se saiba como esse tipo de conhecimento é produzido.
Como as outras duas teorias, essa proposição também tem problemas, como o efeito chamado “ciência na vitrine”, no qual ela é tratada como mercadoria de luxo a ser vendida pelas regras do mercado. Para Quintanilla, o conhecimento científico é um luxo, mas que deve ser colocado ao alcance de todos. “Devemos difundir, não vender esse conhecimento aos moldes do marketing”, afirmou.
Diferentemente do modelo de Déficit, que apresenta a informação científica como uma cascata que vem dos pontos mais altos (os cientistas) para atingir os vales (os leigos), a Perspectiva Cívica ensina a divulgação horizontal da ciência por meio da difusão por publicações jornalísticas, clubes de ciência, museus e escolas, entre outros. Para isso, a ciência tem que ser passada como uma ilustração da realidade que não deve ser deformada, mas representá-la de modo fiel.
“A ciência não contém todos os elementos da realidade, mas, assim como um mapa de uma cidade, reproduz com fidelidade alguns aspectos dessa realidade. Nós, divulgadores da ciência, devemos ser capazes de fazer bons mapas do conhecimento científico”, disse.
Disponível em: < http://agencia.fapesp.br/divulgacao-cientifica-e-responsabilidade/11401/>
Texto III
O que é bioética
Definições não faltam para o termo, mas um resumo de todas seria: bioética, do grego bios (vida) + ethos (ética), é a ética da vida ou ética prática, isto é, um campo de estudo inter, multi e transdisciplinar que engloba a biologia, a medicina, a filosofia, o direito, as ciências exatas, as ciências políticas e o meio ambiente. Com foco em discutir questões, a área tenta encontrar a melhor forma de resolver casos e dilemas que surgiram com o avanço da biotecnologia, da genética e dos próprios valores e direitos humanos, prezando sempre a conduta humana e levando em consideração toda a diversidade moral que há e todas as áreas do conhecimento que, de alguma forma, têm implicações em nosso dia a dia.
Exemplos de casos que envolvem bioética são as polêmicas em torno do aborto, do transplante de órgãos, dos transgênicos, do uso de animais e humanos em experimentos, do uso de células-tronco, da eutanásia, do suicídio, da fertilização in vitro, entre outras.
(...)
Mas não é só nos meios científico e hospitalar que a bioética existe. Ela está presente também em nosso cotidiano e no meio ambiente, em todas as relações humanas, no respeito à autonomia das pessoas, ou até no modo como consumimos e usufruímos dos recursos naturais, o lugar onde dispensamos o nosso lixo e como fazemos esse descarte.
Nesse aspecto ambiental, a bioética pode promover uma reflexão que busque um modelo sustentável que respeite e tenha responsabilidade por todos os seres vivos. Com isso, ela pode ser uma importante aliada para a análise do atual modelo de desenvolvimento, de forma a permitir a sustentabilidade para a atual e para as futuras gerações.
Disponível em: <https://www.ecycle.com.br/3669-bioetica.html>
Texto IV
Modificação genética em mosquitos é alternativa para combate à dengue Pesquisa que visa controlar a transmissão da doença por meio da supressão da população de mosquitos vai a campo para testar a sua viabilidade e eficácia.
Diante da impossibilidade de eliminação do mosquito vetor da dengue – em especial por conta do grande fluxo de pessoas mundialmente – e num momento em que as pesquisas exigiam a produção em massa de mosquitos para serem testadas novas tecnologias, surgiu o Laboratório de Mosquitos Geneticamente Modificados do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP.
Coordenado pela professora Margareth Capurro, o grupo tem na cidade de Juazeiro (BA) sua área de atuação, constituindo-se em um dos Laboratórios de Campo do ICB.
A pesquisa que visava controlar a transmissão da doença por meio da supressão da população de mosquitos necessitava sair do laboratório e ir a campo para testar a sua viabilidade e eficácia.
Ao sair da universidade, no entanto, altera-se a escala com a qual se trabalha e a produção de mosquitos passa a ser executada por uma biofábrica. Esse foi o principal motivo pelo qual o laboratório se instalou em Juazeiro, onde fica a empresa Moscamed Brasil, especializada na produção de moscas-da-fruta estéreis. Como a empresa trabalhava com a estratégia de supressão da população de insetos através de machos, aplicar o mecanismo para o mosquito da dengue foi mais fácil.
O trabalho de campo, porém, não é independente daquele realizado no ICB, como explica a professora. “Aqui no ICB eu tenho o que é preciso para a pesquisa em biologia molecular; a estrutura, os reagentes. Eu trago o material e faço aqui. Por outro lado, se por exemplo, eu quero desenvolver uma nova dieta para os mosquitos, posso até começar aqui, mas é em campo que ela será colocada em prática, e também avaliada. Nós não conseguimos separar. Faz parte da rotina pensar o projeto lá e aqui. Ele tem várias vertentes, mas é único.”
Disponível em: <https://www5.usp.br/72785/modificacao-genetica-em-mosquitos-e-alternativa-para-combate-a-dengue/>
Com base nos textos de apoio e em seus conhecimentos gerais, construa um texto dissertativo-argumentativo, em terceira pessoa, de 25 (vinte e cinco) a 30 (trinta) linhas, sobre o tema:
“Como produzir e divulgar o conhecimento científico de maneira ética?”
1. Seu texto deve ter, obrigatoriamente, de 25 (vinte cinco) a 30 (trinta) linhas.
2. Aborde o tema sem se restringir a casos particulares ou específicos ou a uma determinada pessoa.
3. Formule uma opinião sobre o assunto e apresente argumentos que defendam seu ponto de vista, sem transcrever literalmente trechos dos textos de apoio.
4. Não se esqueça de atribuir um título ao texto.
5. A redação será considerada inválida (grau zero) nos seguintes casos:
– texto com qualquer marca que possa identificar o candidato;
– modalidade diferente da dissertativa;
– insuficiência vocabular, excesso de oralidade e/ou graves erros gramaticais;
– constituída de frases soltas, sem o emprego adequado de elementos coesivos;
– fuga do tema proposto;
– texto ilegível;
– em forma de poema ou outra que não em prosa;
– linguagem incompreensível ou vulgar;
– texto em branco ou com menos de 17 (dezessete) ou mais de 38 (trinta e oito) linhas; e - uso de lápis ou caneta de tinta diferente da cor azul ou preta.
6. Se sua redação tiver entre 17 (dezessete) e 24 (vinte quatro) linhas, inclusive, ou entre 31 (trinta e uma) e 38 (trinta e oito) linhas, também inclusive, sua nota será diminuída, mas não implicará grau zero.