Questão
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Discursiva
(PROPOSTA DE REDAÇÃO)

TEXTO DE APOIO À QUESTÃO DE REDAÇÃO

Texto I

Escolas brasileiras ainda formam analfabetos funcionais

Cerca de 29% da população brasileira tem dificuldades para ler textos e aplicar conceitos de matemática; para especialistas, dados refletem a falta de investimentos na educação.

Em 14 de novembro, o Brasil comemora o Dia Nacional da Alfabetização, mas com pouco a comemorar, diante dos 29% da população que ainda possuem dificuldades para interpretar e aplicar textos e realizar operações matemáticas simples no cotidiano. O dado é do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), divulgado em 2018, que classifica como analfabetos funcionais os brasileiros que encontram barreiras em suas vidas como cidadãos, incluindo o mercado de trabalho. 

Desenvolvido pelo Instituto Paulo Montenegro em parceria com a ONG Ação Educativa e realizado pelo Ibope Inteligência, o Inaf é aplicado a brasileiros entre 15 e 64 anos de idade por meio de teste que analisa habilidades e práticas de leitura, de escrita e de matemática voltadas ao cotidiano. De acordo com os resultados, a classe de analfabetos funcionais é dividida em dois grupos: os absolutos, 8%, que não conseguem ler palavras ou frases e números telefônicos, por exemplo, e os rudimentares, 21%, que têm dificuldade para identificar ironias e sarcasmos em textos curtos e realizar operações simples, como cálculo de dinheiro. 

Para o especialista em política e gestão educacional, professor José Marcelino de Rezende Pinto, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, esses dados refletem a baixa qualidade da educação brasileira, pois os resultados não se referem às pessoas que nunca passaram pelo ensino, mas a alunos que estiveram nos bancos escolares. “A nossa escola ainda produz muitos analfabetos”, afirma, adiantando que “ela não consegue transformar o conhecimento, a alfabetização, seja ela na linguagem pátria ou matemática, em algo do cotidiano dessas pessoas”. 

A afirmação de Rezende é confirmada pelos dados da Avaliação Nacional de Alfabetização, realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e divulgada em 2016. Os resultados da avaliação mostraram que 54,73% dos estudantes acima de 8 anos de idade permanecem em níveis insuficientes de leitura, enquanto 33,95% dos alunos brasileiros apresentaram índices de insuficiência na escrita e outros 54,4% estão abaixo do desempenho desejável em matemática.

Para a especialista em teorias da base linguística, a pesquisadora Naiá Sadi Câmara, da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), a preocupação é com o futuro desses jovens como cidadãos, pois “a cidadania vem da capacidade de interagir com as leis, direitos, deveres” e a dificuldade de comunicação incapacita a vida em sociedade. Naiá argumenta que uma pessoa não é cidadã se não consegue fazer leitura crítica, argumentação e interação numa sociedade letrada. Além dos danos à aprendizagem, a pesquisadora afirma que o analfabetismo funcional forma profissionais desqualificados, já que “se nós somos o que lemos, um aluno de medicina que só lê vídeos do Youtube e 240 caracteres do Twitter não vai saber nem onde fica o meu coração”, conclui. 

Texto adaptado disponível em https://jornal.usp.br/atualidades/escolas-brasileiras-ainda-formam-analfabetos-funcionais/. Acesso em 31/01/22

Com base no texto de apoio, escreva um texto dissertativo, de 20 a 30 linhas, com o tema: 

“A questão do analfabetismo funcional no Brasil”