Questão
Simulado EsPCEx
2021
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Discursiva
(PROPOSTA DE REDAÇÃO)

TEXTO I

Por que temos esse nosso jeitinho?

As nossas práticas sociais são profundamente marcadas pelo nosso desenrolar histórico. Por isso, precisamos buscar nas nossas raízes a origem do conceito. Ao discorrer sobre isso, Sérgio Buarque de Holanda, em seu livro Raízes do Brasil, apresenta o conceito de “homem cordial”. Vale ressaltar que o autor apresenta toda uma contextualização histórica sobre o termo, mas por questões didáticas simplificamos para uma melhor compreensão.

Em seu primeiro capítulo, Sergio Buarque fala sobre nossas origens ibéricas e sobre as características dos povos da península e mostra que uma característica marcante entre eles era a solidariedade. Esta “existe somente onde há vinculação de sentimentos mais do que relações de interesse – no recinto doméstico ou entre amigos”. Veremos que essa importância dos sentimentos nas relações será uma das características principais do “homem cordial”.

Futuramente em nossa história, teremos outros momentos de exploração, como por exemplo, no coronelismo, período em que os coronéis forneciam proteção para as pessoas em troca de voto para determinado candidato. Caso a pessoa se recusasse a votar no candidato estipulado pelos coronéis, ela poderia sofrer perseguições e ser agredida. Essa prática ficou conhecida como voto de cabresto.

Vemos que essas relações foram marcadas pelo fator da “cordialidade”, mesmo que em contextos de tensão. Presentes, proteção e afeto foram dados por aqueles que exploravam e, como escreveu Antonio Candido no prefácio do livro de Sérgio Buarque, “o brasileiro recebeu o peso das ‘relações de simpatia’. Assim surgiu o homem cordial. Aquele que constrói seus relacionamentos pela simpatia, pela emoção e não pela razão; aquele que não está adequado às relações impessoais, agindo predominantemente de forma afetiva. Por isso, somos vistos como pessoas hospitaleiras e receptivas, nossas relações pessoais e íntimas se confundem com as relações públicas. Nós tratamos o que é público como “uma extensão de nossa casa, de nossa família” e assim, conseguimos escapar das formalidades e burocracias existentes. Para o historiador, essa característica do homem cordial traz uma dificuldade em lidar com situações formais e rígidas.

(Disponível em <https://www.politize.com.br/jeitinho-brasileiro/> Acesso em 01 ago. 2020

TEXTO II

O que é Cidadania?

A origem da palavra cidadania vem do latim civitas, que quer dizer cidade. Na Grécia antiga, considerava-se cidadão aquele nascido em terras gregas. Em Roma a palavra cidadania era usada para indicar a situação política de uma pessoa e os direitos que essa pessoa tinha ou podia exercer.

Juridicamente, cidadão é o indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado. Em um conceito mais amplo, cidadania quer dizer a qualidade de ser cidadão, e consequentemente sujeito de direitos e deveres.

A relação do cidadão com o Estado é dúplice: de um lado, os cidadãos participam da fundação do Estado, e portanto estão sujeitos ao pacto que o criou, no nosso caso a Constituição Federal de 1988. Portanto, sendo o Estado dos próprios cidadãos, os mesmos têm o dever de zelar pelo bem público e participar, seja através do voto, seja através de outros meios, formais e informais, do acompanhamento e fiscalização da atuação estatal.

Ao mesmo tempo, os agentes estatais, como cidadãos investidos de funções públicas, tem o dever de atuar com base nos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade, prestando contas de todos os seus atos. Uma relação harmoniosa entre as expectativas dos cidadãos e a atuação estatal é o ideal a ser alcançado por qualquer sociedade.

Mas nem tudo depende apenas do Estado. O conceito de cidadania vai muito além, pois ser cidadão significa também tomar parte da vida em sociedade, tendo uma participação ativa no que diz respeito aos problemas da comunidade. Segundo Dalmo de Abreu Dallari: “A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo”.

Colocar o bem comum em primeiro lugar e atuar sempre que possível para promovê-lo é dever de todo cidadão responsável. A cidadania deve ser entendida, nesse sentido, como processo contínuo, uma construção coletiva que almeja a realização gradativa dos Direitos Humanos e de uma sociedade mais justa e solidária.

(Disponível em <http://www.dedihc.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=131> Acesso em 01 ago. 2020)

TEXTO III

Sabe com quem está falando? Com um idiota, claro.

Tramita na Câmara dos Deputados, desde 2005, o projeto de lei 6418, que equipara a discriminação social ao racismo e a outras modalidades de exibição de preconceito. Essa proposta, que já passou pelas comissões de análise preliminar e quase chegou ao plenário para votação em 2016, determina pena de reclusão de um a três anos, além de multa, quando alguém deixar de reconhecer, por exemplo, a autoridade de determinado agente baseado em qualquer tipo de preconceito, incluindo a aparência ou a condição social.

O país vive uma quarentena em que casos de discriminação parecem ser um efeito colateral do distanciamento social. Há muitas especulações sobre como sairemos da crise sanitária, a maioria acreditando que solidariedade e justiça serão conceitos mais respeitados depois dela.

Apenas por segurança, é melhor também ter leis que garantam que quem pensa diferente e age contra esses princípios pague por sua arrogância, insensibilidade, grosseria, negligência e rispidez.

(De Marcos Emílio Gomes Disponível em <https://veja.abril.com.br/blog/marcos-emilio-gomes/sabe-com-quem-esta-falando-com-um-idiota-claro/> Acesso e 01 ago. 2020)

TEXTO IV

"As dificuldades e desafios de lidar com quem tem a “Síndrome do Pequeno Poder”"

"Uma frase atribuída a Abraham Lincoln diz que “se você quer testar o caráter de um homem, dê-lhe poder”. A máxima guarda profunda relação com a “síndrome do pequeno poder”, uma situação comum a muitos ambientes, de familiares a corporativos. Exemplo: alguém é promovido ou passa a ser responsável por decisões – pequenas ou grandes – que afetam aos demais e passa a usar dessa autoridade para tornar os dias mais fáceis ou mais difíceis para os outros.

Essa série de ações – conhecida como a tal síndrome – não configura uma patologia propriamente dita, mas pode levar a um sofrimento individual e até mesmo à depressão. Tanto para quem tem (ou acha que tem) o poder quando para as pessoas ao redor.

Para Ulisses Domingos Natal, professor de psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), a síndrome faz com que a pessoa assuma “uma atitude opressora, principalmente das pessoas que ganham um poder, uma posição ou uma responsabilidade e acabam usando isso de forma muito rígida, sem levar em consideração as pessoas ou as situações”.

Ele brinca dizendo que esse tipo de comportamento é uma distorção da realidade. “É como se, no momento em que eu assumisse o cargo, uma luz divina caísse sobre mim e eu me tornasse o grande líder. Na verdade isso não acontece”. O erro, segundo o professor, está principalmente em colocar pessoas despreparadas em funções de liderança. A síndrome do pequeno poder também pode ser sinal de uma autoestima “esburacada” ou de falta de confiança nas próprias capacidades."

(Por Carolina Werneck. Disponível em <https://www.gazetadopovo.com.br/viver-bem/comportamento/sindrome-do-pequeno-poder-sinais-sintomas/> Acesso em 01 ago. 2020

Com base nos textos de apoio e em seus conhecimentos gerais, construa um texto dissertativo- argumentativo, em terceira pessoa, de 25 (vinte e cinco) a 30 (trinta) linhas, sobre o tema:

“Exercício da cidadania e os pequenos poderes na sociedade brasileira”

OBSERVAÇÕES:

1. Aborde o tema sem se restringir a casos particulares ou específicos ou a uma determinada pessoa.

2. Formule uma opinião sobre o assunto e apresente argumentos que defendam seu ponto de vista, sem transcrever literalmente trechos dos textos de apoio.

3. Não se esqueça de atribuir um título ao texto.

4. A redação será considerada inválida (grau zero) nos seguintes casos: 

– texto com qualquer marca que possa identificar o candidato;

– modalidade diferente da dissertativa;

– insuficiência vocabular, excesso de oralidade e/ou graves erros gramaticais; 

– constituída de frases soltas, sem o emprego adequado de elementos coesivos; 

– fuga do tema proposto;

– texto ilegível;

– em forma de poema ou outra que não em prosa; 

– linguagem incompreensível ou vulgar;

– texto em branco ou com menos de 17 (dezessete) ou mais de 38 (trinta e oito) linhas; e - uso de lápis ou caneta de tinta diferente da cor azul ou preta.

5. Se sua redação tiver entre 17 (dezessete) e 24 (vinte e quatro) linhas, inclusive, ou entre 31 (trinta e uma) e 38 (trinta e oito) linhas, também inclusive, sua nota será diminuída, mas não implicará grau zero.