(PROPOSTA DE REDAÇÃO)
Redija uma dissertação (em prosa, de aproximadamente 25 linhas) sobre A relação do brasileiro com o trabalho. Os excertos abaixo poderão servir de subsídio para a elaboração de sua redação. Não os copie. (Dê um título ao seu texto. A redação final deve ser feita com letra legível, à tinta.)
1. Aos 9 anos comecei a tentar trabalhar. Ajudava um vizinho que fazia doce de banana e de mamão para vender na feira. Na hora de lavar aqueles tachos enormes de cobre, os filhos e os netos dele achavam feio fazer trabalho de mulher — arear a panela, com areia mesmo, porque Bombril vim conhecer só aqui no Rio. Eu ganhava aquele dinheirinho para a merenda. Também quebrei pedra — é, pedra mesmo. Lá no sertão não tinha máquina para fazer concreto, era tudo na mão. Os homens gritavam fogo na hora de estourar a pedreira e todo mundo da vila se escondia embaixo das camas. Quando acabava o estouro, a gente corria com cesto ou lata para pegar os pedaços de pedra,
trazia para o quintal, quebrava tudo com a mão e esperava o medidor que vinha pesar as latas. (Veja. Especial mulher. Ago.-set/1994.)
2. Nos ofícios urbanos reinavam o mesmo amor ao ganho fácil e a infixidez que tanto caracterizam, no Brasil, os trabalhos rurais. Espelhava bem essas condições o fato, notado por alguém, em fins da era colonial, de que nas tendas de comerciantes se distribuíam as coisas mais disparatadas deste mundo, e era tão fácil comprarem-se ferraduras a um boticário como vomitórios a um ferreiro. Poucos indivíduos sabiam dedicar-se a vida inteira a um Só mister sem se deixarem atrair por outro negócio aparentemente lucrativo. E ainda mais raros seriam os casos em que um mesmo ofício perdurava na mesma família por mais de uma geração, como acontecia normalmente em terras onde a estratificação social alcançara maior grau de estabilidade. (Holanda, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1978.)
3. Muito diferente da concepção anglo-saxã que equaciona trabalho (work) com agir e fazer, de acordo com sua concepção original. Entre nós, porém, perdura a tradição católica romana e não a tradição reformadora de Calvino, que transformou o trabalho como castigo numa ação destinada à salvação. Mas nós, brasileiros, que não nos formamos nessa tradição calvinista, achamos que o trabalho é um horror. (Da Matta, Roberto. O que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro: Rocco, 1984 )
4. Os executivos estão desfrutando cada vez menos o perto do de férias. É o que aponta uma pesquisa feita pelo Grupo Catho, especializado em recursos humanos, com 1.356 profissionais em todo o pais. Os resultados revelam que o descanso tradicional de 30 dias já virou utopia para muitos: 57,5% dos entrevistados tiraram férias de apenas duas semanas ou menos nos últimos 12 meses. Outros 21% não tiraram um dia sequer. Gerentes, supervisores e profissionais especializados — como advogados, contadores e engenheiros — são os que menos dão pausa no trabalho durante o ano. (Folha de S Paulo, 17/5/1998.)