Leia um trecho do capítulo “Muiraquitã” de Macunaíma: um herói sem nenhum caráter de Mário de Andrade para responder à questão.
Piaimã possuía orelhas furadas por causa dos brincos. Enfiou uma perna do rapaz na orelha direita, a outra na esquerda e foi carregando o moço nas costas. Atravessaram o parque e entraram na casa. Bem no meio do hol de acapu mobiliado com sofás de cipó-titica feitos por um judeu alemão de Manaus, se via um buraco enorme tendo por cima um cipó de japecanga feito balanço. Piaimã sentou o moço no cipó e perguntou pra ele si queria balançar um bocado. O moço fez que sim. Piaimã balançou balançou, de repente deu um arranco. Japecanga tem espinho... Os espinhos entraram na carne do chofer e principiou escorrendo sangue no buraco.
– Chega! já estou satisfeito! que o chofer gritava.
– Balança que vos digo! secundava Piaimã.
Sangue escorrendo. A caapora companheira do gigante estava lá em baixo do buraco e o sangue pingava numa tachada de macarrão que ela preparava pro companheiro. O rapaz gemia no balanço:
– Ah, si eu possuísse meu pai e minha mãe a meu lado não estava padecendo nas mãos deste malvado!...
Então Piaimã deu um arranco muito forte no cipó e o rapaz caiu no molho da macarronada.
Venceslau Pietro Pietra foi buscar Macunaíma. O herói já estava se rindo com a criadinha. O gigante falou pra ele:
– Vamos lá dentro?
Macunaíma estendeu os braços sussurrando:
– Ai!... que preguiça!...
Mário de Andrade – Macunaíma: o herói sem nenhum caráter.
Disponível em: https://tinyurl.com/yb7b5f79. Acesso em: 25 jun. 2020.
A partir da metáfora de “cair no molho da macarronada”, o que se representa é: