Garoa do meu São Paulo,
– Timbre triste de martírios –
Um negro vem vindo, é branco!
Só bem perto fica negro,
Passa e toma a ficar branco.
Meu São Paulo da garoa,
– Londres das neblinas finas –
Um pobre vem vindo, – rico!
Só bem perto fica pobre,
Passa e toma a ficar rico.
Garoa do meu São Paulo,
– Costureira de malditos –
Vem um rico, vem um branco,
São sempre brancos e ricos...
Garoa, sai dos meus olhos.
Vaga um céu indeciso entre nuvens cansadas,
Onde está o insofrido? O mal das almas
Quase parece um bem na linha das calhadas,
A palavra se inutiliza em brisas calmas.
ANDRADE, Mário. Lira paulistana. Fonte: Domínio Público. Disponível em: https://tinyurl.com/4dx443wu. Acesso em: 29 jul. 2022.
Segundo o crítico literário brasileiro Alfredo Bosi, “Lira paulistana” (1945) fecha um ciclo iniciado por: