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2022
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Contra a mera “tolerância” das diferenças

“É preciso tolerar a diversidade”. Sempre que me defronto com esse tipo de colocação, aparentemente progressista e bem intencionada, fico indignado. Não, não é preciso tolerar.

“Tolerar”, segundo qualquer dicionário, significa algo como “suportar com indulgência”, ou seja, deixar passar com resignação, ainda que sem consentir expressamente com aquela conduta.

“Tolerar” o que é diferente consiste, antes de qualquer coisa, em atribuir a “quem tolera” um poder sobre “o que tolera”. Como se este dependesse do consentimento daquele para poder existir. “Quem tolera” acaba visto, ainda, como generoso e benevolente, por dar uma “permissão” como se fosse um favor ou um ato de bondade extrema.

Esse tipo de discurso, no fundo, nega o direito à existência autônoma do que é diferente dos padrões construídos socialmente. Mais: funciona como um expediente do desejo de estigmatizar o diferente e manter este às margens da cultura hegemônica, que traça a tênue linha divisória entre o normal e o anormal.

Tolerar não deve ser celebrada e buscada nem como ideal político e tampouco como virtude individual. Ainda que o argumento liberal enxergue, na tolerância, uma manifestação legítima e até necessária da igualdade moral básica entre os indivíduos, não é esse o seu sentido recorrente nos discursos da política.

Com efeito, ainda que a defesa liberal-igualitária da tolerância, diante de discussões controversas, postule que se trate de um respeito mútuo em um cenário de imparcialidade das instituições frente a concepções morais mais gerais, isso não pode funcionar em um mundo marcado por graves desigualdades estruturais.

(QUINALHA, Renan. Disponível em: http://revistacult.uol.com.br/home/2016/02/contra-a-mera-tolerancia-das-diferencas/. Acesso em: 15/04/2021. Trecho.)

Analisando a construção e a forma de organização do texto I, é correto afirmar que
A
Seria possível articular o segundo parágrafo ao terceiro, com o operador organizacional “Em segundo lugar”, que denota adição, mantendo-se o valor semântico da articulação.
B
Seria possível articular o segundo parágrafo ao terceiro, com o operador organizacional “Mais do que”, com valor de comparação, mantendo-se o valor semântico da articulação.
C
Seria possível articular o segundo parágrafo ao terceiro, com o operador organizacional “Em outras palavras”, que é metalinguístico, mantendo-se o valor semântico da articulação.
D
Seria possível articular o segundo parágrafo ao terceiro, com o operador organizacional “Com o propósito de”, com sentido de finalidade, mantendo-se o valor semântico da articulação.