Considere o poema a seguir.
OPACO
Noite. Certo
muitos são os astros.
Mas o edifício
barra-me a vista.
Quis interpretá-lo.
Valeu? Hoje
barra-me (há luar) a vista.
Nada escrito no céu,
sei.
Mas queria vê-lo.
O edifício barra-me
a vista.
Zumbido
de besouro. Motor
arfando. O edifício barra-me
a vista.
Assim ao luar é mais humilde.
Por ele é que sei do luar.
Não, não me barra
A vista. A vista se barra
a si mesma.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Claro enigma. São Paulo: Companhia das Letras, 2012 (p. 39).
Assinale o que for correto quanto à visão global do poema.