Com licença poética
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou: vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher, esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem, sem precisar mentir.
Não tão feia que não possa casar, acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas, o que sinto escrevo. Cumpro a sina. Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree, já a minha vontade de alegria, sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida, é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
PRADO, Adélia. Com licença poética. Disponível em: https://tinyurl.com/yb59kftn. Acesso em: 13 jul. 2020.
Levando em conta o contexto do poema, pode-se afirmar que o eu lírico