Questão
Provão de Bolsas ESA
2020
Com-licenc12048828041
Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou: vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher, esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem, sem precisar mentir.
Não tão feia que não possa casar, acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas, o que sinto escrevo. Cumpro a sina. Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree, já a minha vontade de alegria, sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida, é maldição pra homem.

Mulher é desdobrável. Eu sou.
 
PRADO, Adélia. Com licença poética. Disponível em: https://tinyurl.com/yb59kftn. Acesso em: 13 jul. 2020.

Levando em conta o contexto do poema, pode-se afirmar que o eu lírico
A
utiliza uma forma literária fixa mesmo no modernismo.
B
está desolado, porque se sente deslocado na sociedade.
C
não se resigna diante de um fato que não pôde escolher.
D
cumpre o papel de porta-bandeira em uma escola de samba.
E
dialoga com uma tradição que passa pela comédia de costumes.