“Ora, por esses dois meios, pode-se também conhecer a diferença existente entre os homens e os animais . Pois é uma coisa bem notável que não haja homens tão embrutecidos e tão estúpidos, sem excetuar mesmo os insanos, que não sejam capazes de arranjar em conjunto diversas palavras, e de compô-las num discurso pelo qual façam entender seus pensamentos; e que, ao contrário, não exista outro animal, por mais perfeito e felizmente engendrado que possa ser, que faça o mesmo. E isso não acontece porque lhes faltem órgãos, pois vemos que as pegas e os papagaios podem proferir palavras assim como nós, e todavia não podem falar como nós, isto é, testemunhando que pensam o que dizem...”
(Reproduzida na col. “Os Pensadores”. São Paulo: Abril Cultural, 1973,)
Sobre esse fragmento são feitas as seguintes afirmações.
I. Embora o fragmento demarque as diferenças entre homens e animais, para Descartes havia semelhanças também, na medida que a res extensa, o corpo, compartilha com os animais características semelhantes.
II. Nesse texto, é perceptível o dualismo cartesiano, ele divide os seres a partir da capacidade linguística: aqueles que conseguem expressar um pensamento racional dos que não conseguem.
III. Descartes estabelece uma relação íntima entre racionalidade e discurso, ou seja, entre a reflexão e a capacidade de expressar de forma coerente o que foi pensado racionalmente.
IV. Nesse trecho, Descartes destaca a falta que faz a capacidade de expressão estruturada, já que os animais, embora pensem, não são capazes de falar como nós.
Assinale a alternativa correta.