Engesa: a revolução da indústria militar brasileira
Por Estratégia Militares
A Engesa foi uma das mais importantes empresas brasileiras do setor de defesa! Ela se destacou no desenvolvimento e fabricação de veículos blindados e armamentos – e trouxe uma verdadeira revolução para nossa indústria militar.
Seu nome é abreviação de Engenheiros Especializados S.A., uma empresa civil criada em 1958 por José Luiz Whitaker Ribeiro a partir da união de engenheiros da Escola Politécnica da USP.
O que é a Engesa?
A Engesa iniciou suas atividades no estado de SP como fornecedora de componentes mecânicos para o setor petrolífero e para a fabricação de veículos automotores militares, principalmente jipes e utilitários fora de estrada.
Na busca de uma solução para as difíceis condições das estradas brasileiras, a Engesa desenvolveu uma caixa de transferência de tração total. Esse sistema revolucionou o mercado ao proporcionar grande mobilidade fora de estrada.
Ideias inovadoras
A expertise da Engesa em sistemas de tração integral chamou a atenção do Exército Brasileiro, o que a levou a diversificar suas atividades para a indústria militar.
Engesa e o Exército
Em 1969, ela apresentou o sistema “Boomerang”, um mecanismo de tração dupla traseira que melhorou grandemente o desempenho de veículos militares em terrenos irregulares. A inovação trouxe destaque até mesmo no cenário internacional.
Sistema Boomerang
Na década de 1970, o governo brasileiro passou a incentivar a indústria de defesa nacional, com o objetivo de reduzir a dependência de importações de equipamentos militares. A parceria com a Engesa levou à criação dos blindados nacionais.
Parceria Exército e Engesa
Foi nesse contexto que a Engesa desenvolveu um protótipo nomeado de EE-9 Cascavel, um veículo blindado de reconhecimento sobre rodas, 6x6, projetado para substituir as viaturas obsoletas que ainda eram utilizadas pelo Exército Brasileiro.
EE-9 Cascavel
O EE-9 Cascavel foi inspirado nos blindados Panhard franceses, mas incorporou diversas inovações tecnológicas, como o sistema de tração Engesa Boomerang, que permitia uma mobilidade superior em terrenos difíceis.
O sucesso do Cascavel despertou o interesse de compradores internacionais, especialmente porque o mundo estava em plena Guerra Fria. Até mesmo Portugal cogitou adquiri-lo para a Guerra do Ultramar, mas desistiu por questões políticas.
Sucesso internacional
Nas décadas de 1970 e 1980, o Cascavel se destacou como um dos principais produtos de exportação da indústria bélica brasileira. Ele foi adquirido por mais de 20 países, incluindo Iraque, Líbia, Arábia Saudita e Colômbia.
Na Guerra Irã-Iraque (1980-1988), o EE-9 Cascavel foi utilizado pelos iraquianos e provou sua eficiência e resistência em combate. O sucesso internacional consolidou a Engesa como uma das principais fornecedoras de blindados do mundo.
Guerra Irã-Iraque
O fim da Guerra Fria e a redução da demanda por equipamentos militares impactaram negativamente a Engesa. Além disso, seu novo e ambicioso tanque EE-T1 Osório não atraiu compradores suficientes, o que levou a uma crise financeira.
Fim da Engesa
Em 1993, a empresa declarou falência, o que marcou o fim de uma das mais notáveis trajetórias da indústria de defesa brasileira. Apesar do colapso da Engesa, muitos blindados Cascavel ainda estão em operação ao redor do mundo.
Em novembro de 2023, o Exército Brasileiro apresentou a versão modernizada do “Cascavel”. Ela faz parte do Programa Estratégico do Exército “Forças Blindadas”, que busca adaptar e revitalizar os meios mecanizados em serviço.
Modernização do EE-9 Cascavel
A Engesa e o Cascavel tornaram-se símbolos da capacidade industrial brasileira, prova de que o país pode trazer soluções militares inovadoras. Mesmo após anos, nossos equipamentos são referência no setor de defesa.