Dia da Aviação de Busca e Salvamento: os militares SAR da FAB

Dia da Aviação de Busca e Salvamento: os militares SAR da FAB

A Aviação de Busca e Salvamento da FAB é prestigiada em todo o mundo e isso é resultado do trabalho dos militares membros dos esquadrões dessa aviação, por isso o dia 26 de junho é destinado a essa aviação. 

Saiba mais sobre a Aviação de Busca e Salvamento da FAB e conheça o trabalho do SAR nesse artigo que o Estratégia Militares preparou para você!

A Força Aérea Brasileira (FAB) tem a responsabilidade de prover e garantir os meios para a operação segura dos aeródromos localizados no Brasil. Essa garantia se estende para os casos de eventuais acidentes, que exigem militares altamente especializados em Busca e Salvamento, muitas vezes em áreas remotas e de difícil acesso.

O que é a Aviação de Busca e Salvamento?

A Aviação de Busca e Salvamento – SAR, do inglês Search And Rescue é a área da FAB especializada no resgate de vítimas de acidentes aéreos, resgates em alto mar ou em áreas inóspitas, nas quais somente é possível chegar por meio aéreo.

História da Aviação de Busca e Salvamento

O início da história do SAR é na década de 40, com a criação do Ministério da Aeronáutica, embora sua criação tenha sido efetivada na década de 50. As primeiras aeronaves integrantes do Esquadrão de Busca e Salvamento foram os quadrimotores Boeing B-17G Flying Fortress, que receberam as matrículas FAB 5405 e 5411.

Essas aeronaves possuíam alguns recursos de localização avançados para a época, como um radar de busca instalado abaixo da cabine de comando da aeronave. Além de carregar na sua fuselagem um bote salva-vidas, caso fosse necessário o salvamento em alto mar.

Aeronaves operadas pelo SAR

Na década de 1960, foram integrados os primeiros Lockheed C-130 Hércules, na versão SC-130E, que eram adaptados para as missões de busca e salvamento. 

Seus diferenciais eram as janelas instaladas na lateral de sua fuselagem, que possuíam uma área maior. Contudo, alguns anos mais tarde essas aeronaves foram transferidas para os Esquadrões de Transporte da FAB, sendo utilizadas em segundo plano para as missões SAR.

Ainda na década de 60, a FAB recebeu os primeiros helicópteros Bell 205D, denominados SH-1D. Em 1979, essas aeronaves foram atualizadas para o padrão dos UH1-1H, nomeados pelos militares de “Sapão” e “Hagazão”. É um dos mais emblemáticos helicópteros que passaram pela Aeronáutica. Esses foram herdados dos EUA, oriundos da Guerra do Vietnã, e permaneceram em operação na FAB até sua desativação em 2018.

Na década de 80, foram incorporadas as aeronaves Embraer 110 Bandeirante, adaptados para as missões SAR, sendo batizados como SC-95B. Essas aeronaves possuíam o diferencial da janela oval localizada na parte traseira da fuselagem da aeronave para a melhor observação dos militares. Essas aeronaves foram operadas até o ano de 2012, quando foram transferidas para outros Esquadrões de Transporte da FAB.

Militar de Busca e Salvamento da FAB
Divulgação: Sgt. Johnson / FAB

Atualmente, a FAB opera as aeronaves H-36, H-60L, SC-105, P-3AM e P-95BM para realizarem as missões de Busca e Salvamento, as quais são distribuídas nos seguintes Esquadrões:

  • Pelicano – 2º/10º GAV;
  • PARA-SAR (Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento);
  • Pantera – 5º/8º GAV;
  • Falcão – 1º/8º GAV;
  • Harpia – 7º/8º GAV;
  • Puma 3º/8º GAV;
  • Gordo – 1º/1º GT;
  • Orungan – 1º/7º GAV;
  • Phoenix – 2º/7º GAV ; e 
  • Netuno – 3º/7º GAV.

SC-105 Amazonas na Aviação de Busca e Salvamento

Desde 2017, foi incorporado à FAB, mais precisamente ao Esquadrão Pelicano (2º/10º GAV), sediado em Campo Grande (MS), a aeronave SC-105 Amazonas. O Esquadrão Pelicano é a única unidade da FAB especializada nas atividades SAR e CSAR (Busca e Salvamento em Combate).

A aeronave foi adquirida diretamente da fábrica da Airbus em Sevilha, na Espanha, e conta com as mais avançadas tecnologias para a busca e salvamento. Dentre os equipamentos, destacam-se:

  • Radar com abertura sintética;
  • Imageamento por infravermelho (FLIR); e 
  • Integração de Sistemas (FITS).

O radar possui a capacidade de detectar até 2000 alvos e acompanhar até 640 num raio de 370 quilômetros, além de girar 360 graus. É capaz de detectar alvos do tamanho de um bote aquático e acompanhá-los em movimento.

O sistema infravermelho pode aproximar as imagens até 18 vezes em ambientes de baixa luminosidade e conta, ainda, com zoom de 71 vezes. 

SC-105 SAR FAB
Divulgação: Cb Feitosa / FAB

A aeronave possui ainda recursos de transmissão de dados que possibilitam o monitoramento da missão por uma estação em solo, chamada de Centro de Suporte da Missão (MSC – Mission Support Centre), instalada em Campo Grande, o qual recebe em tempo real todas as informações enviadas pela aeronave em voo, independente de onde ela estiver no globo terrestre.

H-36 Caracal na Aviação de Busca e Salvamento

O H-36, designação da FAB para o modelo EC-725 da empresa Helibrás – representante brasileira da europeia Eurocopter – foi concebido  para desempenhar múltiplas missões, tais como transporte tático de longa distância,  evacuação aeromédica, apoio logístico, busca e salvamento (SAR), busca e salvamento em ambiente hostil (C-SAR, de Combat-SAR), dentre outras. 

Já desenhado para atuar em missões de resgate, o helicóptero possui dois faróis de busca, dispostos um em cada lado da fuselagem; um guincho elétrico e hidráulico, com capacidade para erguer 272 kg, e um gancho de “barriga” capaz de transportar 3,8 toneladas de carga externa. 

Além do guincho, o operador de equipamentos da aeronave, que se assenta em uma posição lateral, também tem à sua disposição um joystick destinado a posicionar o  helicóptero quando em voo pairado. Olhando diretamente para o local do resgate, o operador faz pequenos ajustes para posicionar o H-36 de forma ideal. 

O helicóptero é equipado com duas turbinas Turbomeca Makila 2A1, capazes de produzir 2.145 shp de potência cada uma. Só para se ter uma ideia da força desses motores, em caso de pane, com apenas um deles a aeronave é capaz de sair do chão.

H-36 Caracal SAR FAB
Divulgação: Sd. Sérgio / FAB

Dentro da cabine é possível levar 29 passageiros ou instalar até 11 macas e assentos para uma equipe médica de quatro pessoas. O peso máximo de decolagem é de 11,2 toneladas. A cabine também possui luzes de sinalização para o lançamento de paraquedistas.

Todos os H-36 da FAB já têm a iluminação da cabine compatível com o uso de NVG – Night

Vision Goggles, ou óculos de visão noturna. O piso é blindado e pode resistir a disparos de fuzis de calibre até 7.62mm. Por outro lado, o helicóptero pode levar metralhadoras calibre 7.62mm nas suas janelas dianteiras, em ambos os lados, cada uma capaz de disparar mil tiros por minuto.

Missões marcantes dos militares SAR da Aviação de Busca e Salvamento

Ao longo dos anos, os militares integrantes do SAR participaram de missões marcantes na história nacional.

FAB C-47 2468 e a Aviação de Busca e Salvamento – 1967

No ano de 26 de junho de 1967, houve um acidente com o C-47 2068 que transportava um Pelotão de Infantaria da Aeronáutica para Cachimbo, no interior do Estado do Pará, onde uma revolta de índios comprometia a integridade do efetivo do Destacamento de Aeronáutica e da pista de pouso existente naquela localidade.

Uma falha do sistema de navegação, associada à noite, levou o FAB 2068 inadvertidamente para o oeste, o que causou sua queda na selva amazônica, próximo da cidade de Tefé, sendo encontrado por um militar SAR. 

A busca daí decorrente foi a maior até então realizada pelo Sistema SAR Brasileiro, pois mais de 1.000 horas foram voadas por um número superior a trinta aeronaves.

Terremoto no Peru – 1970

A 3.500 metros de altitude, na cordilheira peruana, dois UH-1D SAR atuaram no resgate, transporte e apoio às vítimas do terremoto que atingiu o Peru em 1970. O desafio dos tripulantes da FAB era transportar o máximo de pessoas ou material que pudessem, sem comprometer a segurança dos voos. 

Para isso, somente os assentos dos pilotos e a caixa de ferramentas do mecânico foram mantidos no helicóptero a fim de aumentar a autonomia e a capacidade da aeronave, além da operação ser milimetricamente calculada devido à altitude do local, o que ocasionava a perda de potência dos motores da aeronave.

Acidente Varig voo 254 – 1989

O dia 03 de setembro de 1989 ficou marcado para sempre na história do Brasil. Isso porque, na data, um Boeing 737 da Varig realizou um pouso forçado, por falta de combustível, em meio à floresta Amazônica na região de São José do Xingu (MT). 

As equipes de resgate da FAB decolaram em duas aeronaves Bandeirante SAR e um helicóptero UH-1H SAR, em busca do avião desaparecido. O helicóptero era o único vetor disponível capaz de realizar o resgate devido às difíceis condições de acesso. Doze pessoas faleceram no acidente e 44 foram resgatadas com vida.

Resgate do voo Gol 1907 pelos militares SAR – 2006

A procura pelo voo 1907, da Gol, desaparecido no dia 29 de setembro de 2006, com 154 passageiros, foi considerada a maior missão de busca e resgate recente do Brasil. Logo nas primeiras horas da manhã, no dia 30, um C-130 Hércules localizou o local do acidente. 

A partir daí, entraram em ação os helicópteros da FAB, entre eles o UH-1H SAR, pois a mata fechada não permitia o pouso de aeronaves.

Foi por meio de guincho que os militares SAR desceram em busca de sobreviventes, mas, devido à gravidade do acidente, os militares perceberam que não existiriam passageiros ou tripulantes vivos. Os militares SAR da FAB abriram clareiras para que os helicópteros pudessem pousar e transportar as vítimas até a fazenda Jarinã – ponto de apoio para a missão. 

A participação do H-1H nesse evento foi basicamente tirar as vítimas dos pontos de içamento e levar até uma clareira maior, de lá outros helicópteros levavam as vítimas para a fazenda, onde os técnicos aguardavam para fazer a identificação.


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