As tensões entre Taiwan e China voltaram a crescer na última semana por conta da visita da Presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, no dia 3 de agosto de 2022. A ida da política do alto escalão norte-americano à ilha levou a China a ordenar um exercício militar com caças na costa de Taiwan.
Você conhece a origem da longa crise entre Taiwan e China? Separamos as principais informações para você!
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Taiwan vs. China
Taiwan é uma pequena ilha a 180 quilômetros da costa leste da China, que tem como capital a cidade de Taipé. Oficialmente, Taiwan é considerada parte da República Popular da China, embora conte com seu próprio governo democrático eleito. A China a considera uma província rebelde, enquanto há quem a veja como um país independente.
No entanto, como Taiwan chegou a esse status incerto? Bem, historicamente, a ilha esteve sob o controle chinês a partir do século XVII, durante a dinastia Qing, porém foi perdida para os japoneses no ano de 1895 durante a Guerra Sino-Japonesa.
Com a derrota do Japão na 2a Guerra Mundial, a ilha foi retomada pela China. Foi então que a Revolução Comunista de Mao Tse Tung aconteceu. As forças nacionalistas a favor do governo da época, lideradas por Chiang Kai-Shek, fugiram para a ilha de Taiwan quando os comunistas tomaram o poder, em 1949.
Desde então, Taiwan conta com um governo distinto da China Continental – embora não tenha, oficialmente, declarado independência. Apesar disso, a ilha funciona como um Estado soberano, inclusive com Forças Armadas próprias.
Tigres Asiáticos e o interesse ocidental
A ilha de Taiwan também desenvolveu uma economia industrial próspera e faz parte dos chamados Tigres Asiáticos – junto com Cingapura, Hong Kong e Coreia do Sul. Atualmente, a ilha é a principal produtora de chips semicondutores, essenciais para o funcionamento dos mais diversos dispositivos eletrônicos.
Uma invasão militar a Taiwan colocaria em risco cadeias inteiras de produção, já que é a fabricante de um componente indispensável para a economia de diversos países, inclusive da China.
Taiwan não é reconhecida como independente pela maioria dos países do mundo – apenas por 13 deles e o Vaticano -, mas ainda assim, mantém relações com vários deles, como é o caso dos EUA.
Quais foram as crises do Estreito de Taiwan?
A tensa relação entre a China e Taiwan tem como ápice três momentos, que tomaram lugar no Estreito de Taiwan, que separa a China Continental da ilha. Trata-se de um importante canal de navegação internacional e, em seu ponto mais estreito, tem apenas 130 quilômetros.
A primeira crise foi poucos anos depois da fuga de Chiang Kai-Shek e seus seguidores para a ilha. Em 1954, os nacionalistas ocuparam militarmente duas ilhas menores, mais próximas da China Continental, que respondeu bombardeando o arquipélago. Na época, os EUA auxiliaram as forças de Taiwan a evacuar as ilhas.
A segunda crise aconteceu em 1958, dessa vez iniciada pela República Popular da China, e foi uma continuação da crise anterior. Os chineses tentaram recuperar duas ilhas no Estreito de Taiwan, Quemoy e Matsu, mas foram impedidos pela ameaça de uma intervenção direta dos EUA. Mais de mil pessoas morreram no conflito.
A terceira crise aconteceu apenas em 1995, 37 anos depois, quando o líder taiwanês da época, Lee Teng-hui, visitou os EUA. Como retaliação, a China começou a testar mísseis nas áreas próximas à costa de Taiwan. Novamente, os EUA agiram, estacionando porta-aviões próximos à ilha para desencorajar outras ações.
No entanto, fazer exercícios com caças militares e mísseis nas proximidades da ilha de Taiwan tornou-se uma tática comum da República Popular da China.
EUA e a visita de Pelosi
Os EUA adotam uma posição de ambiguidade estratégica com relação a Taiwan. Não a reconhecem oficialmente como um país independente, mas, ainda assim, mantém relações com a ilha.
A visita de Nancy Pelosi é a primeira de um político do alto escalão norte-americano em 25 anos. Como Presidente da Câmara dos Representantes, Pelosi é equivalente à terceira no comando dos EUA. Mesmo antes de ocupar essa posição, a política já adotava uma postura crítica com relação à China, especialmente com relação ao assunto de Direitos Humanos.
Ela passou menos de um dia na ilha, tempo que utilizou para se encontrar com a presidente Tsai Ing-wen, visitar o Museu de Direitos Humanos e o Parlamento. No entanto, como a China se opõe a qualquer ação que implique no reconhecimento da soberania de Taiwan, foi o suficiente para causar uma reação.
Entenda um pouco mais das implicações da visita de Pelosi com o Prof. Takami!
Resposta chinesa: exercício de caças militares
Como resposta à visita de Pelosi, a China anunciou exercícios militares com mísseis e caças. Diferente das demais vezes, porém, a ação não se limitou à costa taiwanesa – pela primeira vez, há indícios de que os mísseis também sobrevoaram a ilha principal de Taiwan.
A informação ainda não foi confirmada pelas autoridades taiwaneses e chinesas. Segundo um comunicado da Defesa de Taiwan, divulgado pela agência de notícias AFP, 68 aviões de combate e 13 navios de guerra ultrapassaram a linha média do Estreito de Taiwan.
Os exercícios militares chineses estão programados para continuar até domingo, dia 7 de agosto.